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Adaptações podem ajudar a manter a vida sexual das mulheres após os 50

Especialistas destacam que a menopausa não significa o fim da vida erótica e defendem estratégias personalizadas para manter a plenitude sexual nessa fase da vida

A menopausa ainda é cercada de estigmas que a associam ao fim da vida sexual feminina. Mas médicos e sexólogos ressaltam que esse período não representa o término do desejo ou da intimidade. Pelo contrário, com apoio profissional e adaptações, muitas mulheres redescobrem o prazer após os 50 anos.

De acordo com a ginecologista Agustina Paula Starvaggi, do Hospital Italiano de Buenos Aires, “a sexualidade começa com o nascimento e acompanha a pessoa durante toda a sua vida, adaptando-se aos diferentes momentos”. Ela observa que, embora o desejo sexual possa diminuir, “o que não costuma mudar é o interesse por manter uma vida sexual satisfatória”.

A médica lembra que há crenças enraizadas que reforçam a ideia de desejo masculino sem limite de idade, enquanto para as mulheres a menopausa é vista equivocadamente como um fim. “Esta é uma barreira que tanto as mulheres como os profissionais de saúde devem superar”, afirmou.

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A sexóloga Beatriz Literat, do Halitus Instituto Médico, reforça: “Em nenhuma circunstância, a menopausa, que é o fim do ciclo menstrual, representa declínio da vida sexual”. Para ela, o climatério - fase que sucede a menopausa e pode se estender por décadas - exige adaptações, mas não significa perda da intimidade. “Como tudo na vida, a capacidade sexual também se modifica, mas nunca desaparece”.

Entre os fatores que podem impactar a sexualidade feminina estão sintomas como insônia, alterações de humor, cansaço, mudanças na imagem corporal e, sobretudo, a sequidão vaginal. Segundo Starvaggi, “a sequidão vaginal é a principal causa de dor nas relações sexuais e o principal motivo pelo qual tanto mulheres quanto homens evitam o encontro sexual”.

Para lidar com esses efeitos, especialistas recomendam desde terapias hormonais localizadas, como estrógenos em forma de cremes ou cápsulas, até lubrificantes, exercícios de assoalho pélvico e acompanhamento sexológico ou psicológico. “Melhorar a sequidão vaginal é chave quando há impacto negativo no desejo sexual”, ressalta Starvaggi.

Literat complementa que é preciso adotar novas formas de comunicação íntima e compreender que “o desejo sexual não vem espontaneamente sempre, nem mesmo nos anos mais jovens, mas pode ser convocado por diferentes estratégias”. Ela também destaca a importância de manter hábitos saudáveis, apoio emocional e vida social ativa.

“Ter uma vida sexual ativa sempre é algo muito bom e recomendável, porque a atividade sexual não envolve apenas a região pélvica. Involucra o cérebro, o sistema nervoso, todas as áreas cognitivas, o sistema cardiovascular e respiratório”, afirma.

Com a expectativa de vida feminina chegando próxima aos 90 anos, as especialistas lembram que o climatério ocorre geralmente entre os 45 e 50 anos, deixando ainda décadas de vida pela frente. Para elas, a mensagem principal é clara: a sexualidade pode - e deve - continuar sendo uma fonte de prazer, saúde e plenitude em todas as fases da vida.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.