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“A ação de ignorar a pessoa, conversa ou evento para prestar atenção ao dispositivo móvel ou às redes sociais” é o que define o phubbing, explica o psiquiatra infantojuvenil Andrés Luccisano, do Hospital Italiano de Buenos Aires. Segundo a psicóloga Fernanda Giralt Font, o hábito “se tornou cada vez mais comum em todos os ambientes sociais e faixas etárias, atravessando famílias, grupos de amigos e até a relação entre pais e filhos”. Os especialistas foram ouvidos pelo site de notícias Infobae.
O fenômeno é alimentado por fatores como o medo de perder algo importante, conhecido como FOMO (Fear of Missing Out), e a hiperconectividade automatizada. “O uso do celular ativa mecanismos de recompensa cerebral, como a liberação de dopamina”, destaca, também ao Infobae, a psicóloga Belén Tarallo, ressaltando ainda a pressão social para estar disponível o tempo todo, o que “leva a priorizar o digital sobre o presencial”.
O phubbing prejudica diretamente a presença emocional. “As conversas se tornam superficiais, perde-se o contato visual e a sensação de ser ouvido e compreendido”, alerta Giralt Font. Quem sofre esse comportamento costuma se sentir ignorado e desvalorizado, recebendo a mensagem implícita de que ‘o que passa no meu telefone é mais importante que você'.
Além dos impactos nas relações, o hábito também gera consequências psicológicas, como ansiedade, estresse e sensação de solidão, tanto para quem ignora quanto para quem é ignorado. “O phubbing pode agravar conflitos, gerar discussões e fomentar o isolamento emocional”, explica Tarallo.
O comportamento ainda tende a se repetir em ciclos: “Se alguém nos ignora para olhar o celular, é provável que respondamos da mesma forma, reforçando esse padrão”, observa Luccisano.
Para minimizar os efeitos do phubbing, os especialistas indicam ações simples, como estabelecer acordos para momentos sem celulares, limitar notificações e criar espaços livres de tecnologia, como a mesa de refeições. Também é fundamental o questionamento consciente antes de pegar o aparelho: “Perguntar-se ‘preciso ver isso agora?’ ajuda a usar o celular com mais atenção”, afirma Luccisano.
Por fim, o exemplo dos adultos é crucial para incentivar um uso equilibrado da tecnologia, principalmente entre crianças e adolescentes. “O que ensinamos com a palavra se reforça, ou se contradiz, com o que fazemos”, lembra o especialista.