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Como a cúrcuma ajuda a reduzir dores no corpo, segundo um médico

Estudos destacam a ação anti-inflamatória da curcumina, comparada até ao cannabis, e reforçam o potencial da especiaria em casos de artrite, inflamações e doenças crônicas

A cúrcuma, ou açafrão-da-terra, é originária da Ásia (Índia e Indonésia) e foi introduzido no Brasil na época colonial

A cúrcuma, tradicional raiz usada na culinária, vem ganhando espaço também na medicina e na pesquisa científica. Segundo o médico argentino Sebastián La Rosa, seu princípio ativo, a curcumina, se destaca como “um dos anti-inflamatórios naturais mais potentes existentes”.

O especialista explica que a substância age em múltiplos mecanismos biológicos, reduzindo processos inflamatórios que desencadeiam dor. “Qualquer processo inflamatório no corpo pode gerar dor, e é justamente ao diminuir a inflamação que a curcumina mostra sua maior eficácia”, afirma.

La Rosa aponta que o efeito da cúrcuma não se limita a um tipo específico de dor, sendo útil desde o desconforto pós-operatório até dores relacionadas a doenças crônicas. Ele ressalta ainda que, em comparação com o cannabis, amplamente usado no manejo da dor, “a evidência de maior qualidade e resultados mais contundentes está a favor da curcumina”. Outro ponto positivo, segundo ele, é que o composto natural provoca menos efeitos colaterais que os anti-inflamatórios não esteroides tradicionais, como o ibuprofeno.

Artrite

De acordo com La Rosa, a cúrcuma também apresenta eficácia no tratamento da artrite, já que a inflamação crônica das articulações é a principal causa de dor na doença. “A suplementação com curcumina em doses elevadas leva a uma redução significativa dos sintomas dolorosos em pessoas que experimentam artrite”, afirma o médico. No entanto, ele alerta que a melhora é mais evidente no alívio da dor, não na rigidez articular.

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O mecanismo-chave, explica, é a capacidade da curcumina de bloquear o complexo NF-kB, regulador central da inflamação. Ele acrescenta que os efeitos podem ser potencializados quando associados a enzimas como a serrapeptase e frutos ricos em taninos, como o haritaki.

Outros benefícios

Além da ação anti-inflamatória, estudos também indicam o efeito antioxidante da cúrcuma, com melhora nos marcadores de estresse oxidativo e proteção celular contra radicais livres. Pesquisas apontam impactos positivos sobre doenças metabólicas, cardiovasculares e digestivas, além de benefícios para o humor, a memória e até sintomas ginecológicos.

Segundo La Rosa, “a lista de benefícios se amplia” ao incluir melhorias na saúde hepática, renal, imunológica e até na recuperação muscular após exercícios, devido à redução do estresse oxidativo.

Como consumir

A curcumina isolada tem baixa absorção pelo organismo. Para contornar essa limitação, Harvard Health recomenda associá-la a gorduras saudáveis, como azeite ou óleo de coco, e incluir uma pitada de pimenta-preta. Isso porque seu princípio ativo, a piperina, pode aumentar em até 2.000% a biodisponibilidade da curcumina.

No dia a dia, a cúrcuma pode ser usada em pó em sopas, guisados, chás ou no popular ‘golden milk’. Já os suplementos, com até 95% de curcuminóides, oferecem concentrações bem maiores que a especiaria em pó (2% a 9%). Segundo a Arthritis Foundation, doses seguras variam entre 400 e 600 mg em pó três vezes ao dia, ou 500 mg duas vezes ao dia na forma de extrato.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.