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O especialista explica que a substância age em múltiplos mecanismos biológicos, reduzindo processos inflamatórios que desencadeiam dor. “Qualquer processo inflamatório no corpo pode gerar dor, e é justamente ao diminuir a inflamação que a curcumina mostra sua maior eficácia”, afirma.
La Rosa aponta que o efeito da cúrcuma não se limita a um tipo específico de dor, sendo útil desde o desconforto pós-operatório até dores relacionadas a doenças crônicas. Ele ressalta ainda que, em comparação com o cannabis, amplamente usado no manejo da dor, “a evidência de maior qualidade e resultados mais contundentes está a favor da curcumina”. Outro ponto positivo, segundo ele, é que o composto natural provoca menos efeitos colaterais que os anti-inflamatórios não esteroides tradicionais, como o ibuprofeno.
Artrite
De acordo com La Rosa, a cúrcuma também apresenta eficácia no tratamento da artrite, já que a inflamação crônica das articulações é a principal causa de dor na doença. “A suplementação com curcumina em doses elevadas leva a uma redução significativa dos sintomas dolorosos em pessoas que experimentam artrite”, afirma o médico. No entanto, ele alerta que a melhora é mais evidente no alívio da dor, não na rigidez articular.
O mecanismo-chave, explica, é a capacidade da curcumina de bloquear o complexo NF-kB, regulador central da inflamação. Ele acrescenta que os efeitos podem ser potencializados quando associados a enzimas como a serrapeptase e frutos ricos em taninos, como o haritaki.
Outros benefícios
Além da ação anti-inflamatória, estudos também indicam o efeito antioxidante da cúrcuma, com melhora nos marcadores de estresse oxidativo e proteção celular contra radicais livres. Pesquisas apontam impactos positivos sobre doenças metabólicas, cardiovasculares e digestivas, além de benefícios para o humor, a memória e até sintomas ginecológicos.
Segundo La Rosa, “a lista de benefícios se amplia” ao incluir melhorias na saúde hepática, renal, imunológica e até na recuperação muscular após exercícios, devido à redução do estresse oxidativo.
Como consumir
A curcumina isolada tem baixa absorção pelo organismo. Para contornar essa limitação, Harvard Health recomenda associá-la a gorduras saudáveis, como azeite ou óleo de coco, e incluir uma pitada de pimenta-preta. Isso porque seu princípio ativo, a piperina, pode aumentar em até 2.000% a biodisponibilidade da curcumina.
No dia a dia, a cúrcuma pode ser usada em pó em sopas, guisados, chás ou no popular ‘golden milk’. Já os suplementos, com até 95% de curcuminóides, oferecem concentrações bem maiores que a especiaria em pó (2% a 9%). Segundo a Arthritis Foundation, doses seguras variam entre 400 e 600 mg em pó três vezes ao dia, ou 500 mg duas vezes ao dia na forma de extrato.