Neste cenário, a música aparece como uma das ferramentas mais promissoras, de acordo com a Ciência.
Uma revisão publicada na revista científica PLOS One analisou dez pesquisas realizadas entre 2010 e 2023, com 602 participantes de cinco países. Os resultados mostram que a terapia musical melhorou de forma significativa a qualidade do sono em adultos mais velhos, com base no índice Pittsburgh Sleep Quality Index e, em alguns casos, em exames de atividade cerebral.
As intervenções mais comuns incluíam sessões de 20 a 60 minutos de músicas suaves e lentas, entre 60 e 80 batimentos por minuto. As canções ajudaram a reduzir o estresse, ativar o sistema nervoso parasimpático e favorecer a produção de melatonina, hormônio essencial para o ciclo do sono.
Apesar disso, os autores destacam que há diferenças entre os métodos dos estudos e que ainda são necessárias pesquisas mais homogêneas para reforçar as recomendações clínicas.
Como a música atua no corpo e na mente
Segundo o psicólogo Michael J. Breus, citado em um artigo da Psychology Today, músicas relaxantes diminuem a frequência cardíaca, aliviam tensão muscular e reduzem a ansiedade. Esses fatores facilitam a transição para o sono.
Outros estudos mostram que canções sem letra e de ritmo lento aumentam a sensação de tranquilidade e reduzem a ativação do sistema de alerta. A música também pode melhorar o humor e aliviar dores, condições que influenciam indiretamente o descanso.
Especialistas recomendam ouvir músicas durante os últimos 30 a 60 minutos antes de dormir, período conhecido como hora de desconexão. Nessa fase, é importante evitar telas e priorizar atividades relaxantes.
As orientações incluem escolher faixas sem letras, evitar melodias que despertem emoções intensas e manter constância na rotina para maximizar os resultados.
O que dizem os médicos
Para o psiquiatra Jesse Koskey, da Universidade da Califórnia em Davis, a música é um tratamento acessível e eficaz para insônia leve. Ele afirma que os efeitos podem ser comparáveis aos de alguns medicamentos usados para dormir. O especialista destaca ainda o fenômeno da sincronização biológica, quando o ritmo da música regula o ritmo do corpo.
Koskey reforça que não existe forma errada de testar a música como auxílio ao sono, desde que se respeitem limites individuais. Ele lembra, porém, que casos graves de insônia devem ser avaliados por um médico.
Pesquisadores da universidade também apontam que canções podem mascarar ruídos externos, funcionar como distração agradável e reforçar uma rotina de relaxamento.
A revisão da PLOS One ressalta que a música não substitui tratamentos médicos quando há distúrbios severos ou problemas de saúde associados. Mas, ainda segundo a revista científica, as melodias, quando integradas a hábitos como higiene do sono e atividade física leve, se mostra uma alternativa segura, prática e de fácil acesso para enfrentar a insônia.