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O coração envia avisos 12 anos antes de um ataque cardíaco; veja os sinais que a maioria das pessoas ignora e como prevenir

Ataques cardíacos são geralmente enquadrados como emergência, mas pesquisas têm mostrado que eles seguem um acúmulo lento e silencioso

Um estudo da CARDIA revelou que os sinais de alerta de doenças cardíacas, como a redução dos níveis de atividade física, podem começar até 12 anos antes de um ataque cardíaco ocorrer.

A queda na atividade física de moderada a vigorosa (MVPA) ao longo do tempo é um indicador sutil, mas crítico, muitas vezes ignorado. O Dr. Sudhir Kumar, que comandou o estudo, alertou que essa perda de resistência física é frequentemente interpretada como envelhecimento natural, o que é um erro.

Reconhecer esses sinais iniciais e implementar estratégias preventivas pode ajudar a evitar eventos cardíacos graves no futuro.

Trajetórias da atividade física antes e depois de doenças cardiovasculares

O artigo intitulado “Trajetórias da Atividade Física Antes e Depois de Eventos de Doenças Cardiovasculares em Participantes do CARDIA” analisou dados de atividade física coletados ao longo de décadas, com participantes inscritos pela primeira vez em 1985.

Os pesquisadores utilizaram avaliações repetidas de atividade, em diferentes momentos ao longo da meia-idade dos participantes, para modelar trajetórias de longo prazo e comparar as pessoas que posteriormente desenvolveram doenças cardiovasculares com aquelas que não desenvolveram.

As principais descobertas foram que a MVPA começou a diminuir, em média, 12 anos antes do primeiro sintoma de doença cardiovascular e o declínio se intensificou dois anos antes ao diagnóstico.

Como as mudanças surgiram gradualmente ao longo de uma década, uma única consulta médica que registrar baixa atividade não consegue identificar que o paciente está em uma trajetória em declínio.

Mudanças que levantam risco de doença cardíaca

A queda na resistência e atividade física de um paciente não é apenas relacionada ao estilo vida, mas de diversas mudanças fisiológicas que aumentam o risco cardiovascular.

A inatividade aumenta, por exemplo, o risco de ganho de peso, resistência à insulina e alterações lipídicas adversas, principais causadores de aterosclerose, ou seja, o endurecimento das artérias e vasos sanguíneos menores.

A importância da atividade física como sinal e prevenção

A atividade física de intensidade moderada a vigorosa (como caminhar em ritmo acelerado, pedalar ou nadar) é essencial para manter o coração saudável. Uma diminuição não intencional dessa prática, mesmo sem sintomas visíveis, pode refletir mudanças no metabolismo, circulação ou resistência cardiovascular.

O estudo também mostrou a desigualdade de raça e gênero como fator, com mulheres negras apresentando os menores níveis de atividade física e os maiores riscos de eventos cardíacos.

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Recomendações

Para a prevenção, os especialistas recomendam:

  • Manter no mínimo 150 minutos semanais de atividade física moderada ou vigorosa;
  • Usar aplicativos ou dispositivos de monitoramento (como smartwatches) para acompanhar os níveis de movimento ao longo do tempo;
  • Realizar avaliações regulares da saúde cardiovascular com médicos de confiança;
  • Observar mudanças sutis no condicionamento físico, como cansaço mais frequente, perda de fôlego ou desânimo para atividades habituais.

Prevenção pode salvar vidas

A mensagem central do estudo é clara: os sinais estão presentes muito antes de um infarto acontecer, e o corpo humano costuma avisar, ainda que de forma sutil. Ignorar essas mudanças pode custar caro no futuro.

“Não espere por sintomas clássicos para cuidar do coração”, alerta o Dr. Kumar. “A prevenção começa muito antes da dor no peito.”

Reconhecer essas mudanças precocemente possibilita intervenções simples, eficazes e que muitas vezes podem salvar vidas.

Mestrando em Comunicação Social na UFMG, é graduado em Jornalismo pela mesma Universidade. Na Itatiaia, é repórter de Cidades, Brasil e Mundo