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Buscar propósito e felicidade ao mesmo tempo melhora saúde emocional

Pesquisas mostram que a combinação entre sentido de vida e prazer imediato gera bem-estar duradouro e reduz ansiedade, depressão e insatisfação

A felicidade está ligada ao prazer imediato e à ausência de sofrimento; já o sentido de vida envolve superar dificuldades

O desejo por felicidade imediata frequentemente entra em choque com a busca por uma vida com propósito. De acordo com um artigo da revista Psychology Today, estudos recentes indicam que, embora a felicidade baseada em prazeres momentâneos seja importante, é o sentido da vida que traz satisfação mais profunda e duradoura - mesmo quando envolve sacrifícios.

“O que o homem realmente precisa não é de viver sem tensão, mas sim de esforço e luta por algum objetivo digno dele”, afirmou o psiquiatra Viktor Frankl, sobrevivente do Holocausto, cuja visão ganha nova relevância nas pesquisas atuais sobre bem-estar.

A diferença entre felicidade e sentido foi destacada por um estudo dos pesquisadores Jennifer Aaker e Roy Baumeister. A felicidade está ligada ao prazer imediato e à ausência de sofrimento. Já o sentido de vida envolve superar dificuldades, conectar passado, presente e futuro, e investir em relações profundas. “A busca de uma vida significativa pode, a curto prazo, associar-se com angústia, mas conduz a uma maior satisfação a longo prazo”, observam os pesquisadores.

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Essa tensão também aparece nas relações interpessoais. Ter filhos, por exemplo, exige renúncias, mas é percebido como profundamente gratificante. A amizade, por sua vez, promove felicidade, mas contribui menos para o sentido de vida.

A abordagem hedonista, voltada ao prazer, contrasta com a eudaimonia, que valoriza autorrealização e significado. Segundo Psychology Today, quem busca somente felicidade tende a evitar desafios, desenvolvendo um ‘síndrome de evitação emocional’, que limita o crescimento pessoal. Já o sentido floresce ao encarar dificuldades com generosidade e autenticidade.

Frankl identificou três fontes de sentido: trabalho criativo, vivência do amor e a forma como se lida com o sofrimento inevitável. “Existe uma forte relação entre a falta de sentido e os comportamentos delitivos, as adições e a depressão”, alertou ele.

No estudo de Aaker e Baumeister, participantes que focaram na busca por felicidade relataram menos efeitos positivos após três meses. Já aqueles que buscaram propósito sentiram-se mais inspirados, conectados e emocionalmente equilibrados.

Escolhas cotidianas ilustram: um emprego bem pago, mas desinteressante, pode gerar prazer imediato; já atuar em uma causa significativa tende a oferecer realização. “A diferença está em escrever um livro para compartilhar algo importante e não para obter fama: o reconhecimento pode vir, mas a motivação autêntica reside no significado”, ressalta o artigo.

A boa notícia, segundo os estudos citados, é que não é necessário escolher entre um ou outro. Pessoas que buscam simultaneamente prazer e propósito apresentam melhores índices de vitalidade, inspiração, conexão e bem-estar emocional. O segredo parece estar em encontrar propósito e permitir que a felicidade venha como consequência.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.