A Prefeitura de Belo Horizonte se reuniu, nesta segunda-feira (25), com vereadores e aprofundou os diálogos sobre o projeto de lei que quer implementar a tarifa zero no transporte público da capital mineira. De acordo com parlamentares que estiveram presentes, a conversa foi “um marco” para os avanços do diálogo entre o Executivo e o Legislativo. A prefeitura teria se comprometido a buscar um “plano comum” em relação à medida.
“A reunião foi um marco na história da construção da tarifa zero. A Prefeitura de Belo Horizonte explicitou claramente as suas preocupações diante da proposta colocada por nós, vereadores da Câmara Municipal. Nós apresentamos também os nossos números, as nossas projeções e a gente encaminhou de continuar o debate para encontrar saídas, já que o modelo de financiamento do transporte público baseado na tarifa está fadado ao fracasso”, define o vereador Bruno Pedralva, que participou da reunião.
De acordo com ele, o encaminhamento principal dos diálogos foi um acordo de dar continuidade aos estudos e o comprometimento da prefeitura de pensar uma alternativa para garantir o acesso universal ao transporte público na cidade. “Vamos continuar os estudos e procurar um plano comum”, destaca.
A vereadora Iza Lourença (PSOL) afirma que a prefeitura, apesar de divergências iniciais, voltou atrás e admitiu que o custo do sistema de transporte é de R$ 1,8 bilhão. Ela diz que questionou o secretário Municipal de Fazenda, Pedro Meneguetti, sobre o valor do subsídio que a prefeitura já dá para os ônibus e sobre o fato de BH ter a terceira maior tarifa entre as capitais.
“Ele falou que também está preocupado, que considera que é insustentável esse modelo de financiamento, então nós ficamos de seguir aprofundando o debate sobre o novo modelo de financiamento dos ônibus”, pontua.
Participaram do encontro os secretários de Governo da prefeitura, Guilherme Daltro, o secretário Municipal de Mobilidade Urbana, Guilherme Willer, o secretário Municipal de Fazenda, Pedro Meneguetti, e os vereadores Iza Lourença (PSOL), Cida Falabella (PSOL), Luiza Dulci (PT), Wagner Ferreira (PV), Tileléo (PP), Leonardo Ângelo (Cidadania) e Bruno Pedralva (PT).
A reportagem procurou a Prefeitura de Belo Horizonte, mas ainda não houve resposta. O espaço continua aberto.
“Utopia”
A reunião aconteceu uma semana após o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), ter
“Eu confesso para vocês que essa discussão tinha que ser feita em cima de números. Eu acho uma maldade muito grande você começar a discutir uma coisa que você sabe que não é viável. Porque, para todos que nós perguntamos se é viável, quem vai pagar a conta? Já combinou com os donos das empresas de ônibus? Já combinou com eles? Eles vão fazer isso de boa vontade? Eles vão pagar os motoristas, eles vão ceder o óleo diesel? Como é que vai ser isso? Eu acho que essa é a grande maldade da coisa: dar a impressão para as pessoas que você vai fazer isso a qualquer momento e que depende só de um start. O que está na conta hoje é uma utopia e uma maldade contra as pessoas que precisam pegar o transporte coletivo todos os dias”, afirmou o prefeito.
A proposta em tramitação na Câmara Municipal prevê que, se aprovado, o modelo poderia começar a valer em até quatro anos e entraria em vigor já no próximo contrato de concessão do transporte em BH, previsto para 2028.