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PL aciona Corregedoria contra Camila Jara por suposta agressão a Nikolas Ferreira durante sessão tensa na Câmara

Representação por quebra de decoro pede suspensão cautelar do mandato

Deputada Camila Jara

O Partido Liberal (PL) anunciou nesta quinta-feira (7) que vai representar contra a deputada Camila Jara (PT-MS) na Corregedoria da Câmara dos Deputados, acusando-a de agressão ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) durante a tumultuada sessão que marcou a retomada dos trabalhos legislativos na noite anterior.

A ação pede a suspensão cautelar do mandato da parlamentar por quebra de decoro. O Partido Novo, que também integra a oposição, entrou como coautor da representação.

De acordo com a nota divulgada pelo PL, um vídeo da sessão mostra o momento em que Camila Jara teria desferido um golpe contra Nikolas, provocando sua queda, e, em seguida, aparecendo rindo da situação. O episódio ocorreu durante a tentativa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de reassumir a Mesa Diretora, que havia sido ocupada por deputados bolsonaristas.

Crise aberta e impasse político

O episódio se soma à crise que tomou conta da Câmara nesta quarta-feira (6). Parlamentares da oposição ocuparam as cadeiras da presidência para pressionar pela inclusão de duas pautas: a anistia aos réus dos atos de 8 de janeiro e o fim do foro privilegiado para autoridades.

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Deputados da direita afirmaram ter fechado um acordo com Hugo Motta para pautar ambos os temas. A base governista negou qualquer acerto, e o próprio presidente da Casa evitou confirmar ou desmentir a informação, mantendo a incerteza sobre o futuro das propostas.

“Houve sim uma sinalização de que a pauta da anistia será discutida. A questão do foro privilegiado também foi colocada à mesa. O presidente Motta abriu a sessão com esse compromisso de construção. Estamos avançando”, afirmou o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).“Não tem acordo nenhum. Isso foi uma tentativa golpista disfarçada de negociação. A democracia venceu hoje. E venceu porque a maioria não se intimidou com ameaça, nem com gritaria”, rebateu o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ).Sessão sob escolta e ameaças de suspensão de mandato.

A sessão só começou às 22h24, com quórum de 301 deputados, mais de duas horas após o horário previsto. Para garantir a abertura, Hugo Motta determinou o fechamento do acesso ao plenário e posicionou a Polícia Legislativa na porta. O presidente chegou a ameaçar suspender por até seis meses o mandato de parlamentares que continuassem a obstruir os trabalhos.

O ambiente foi marcado por gritos cruzados entre oposicionistas e governistas - “Fora Moraes!” de um lado, “Sem anistia!” do outro, e por atos simbólicos, como a deputada Julia Zanatta (PL-SC) ocupando uma cadeira da Mesa com sua filha de quatro meses no colo, e o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) resistindo a deixar a presidência.

“O clima ficou tenso, sim. Mas a democracia é inegociável. Esta Casa precisa se fortalecer. E a maioria precisa se estabelecer com base no voto, com base na representatividade do povo brasileiro. Não vai ser na base da força ou da ocupação que vamos resolver os impasses”, declarou Hugo Motta. A sessão durou cerca de 20 minutos e terminou sem votações. Motta afirmou que uma nova reunião será convocada “em momento oportuno”. Enquanto isso, a representação contra Camila Jara deve acirrar ainda mais os ânimos no plenário e prolongar a crise política instalada na Câmara.

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.