Para CBMM, investigação sobre contrato de nióbio com Codemig está ‘totalmente superada’

A empresa mineradora afirmou que, no entanto, está disposta a esclarecer todas as dúvidas dos órgãos fiscalizadores sobre o contrato firmado com a Codemig

A CBMM é uma das maiores produtoras e fornecedoras de produtos de nióbio

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) afirmou à Itatiaia que o processo que apura a extração de nióbio em Araxá, realizado em parceria com a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), já foi “totalmente superado”. Segundo a empresa, a operação é conduzida de forma correta e transparente desde 1972, e uma investigação anterior do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) concluiu que não há irregularidades no processo.

Ainda assim, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) deverá decidir, na quarta-feira (9), se estenderá ou não o prazo de uma ação que analisa o tema.

O processo responde a uma denúncia feita pelo ex-presidente da Codemig, Marco Antônio Castello Branco, que está sendo analisada pelo TCE. A versão de Castello Branco afirma que a CBMM não repassou valores devidos ao governo do estado, além de não liberar acesso a dados relevantes e apresentar informações inconsistentes.

Em 2019, o ex-presidente da Codemig declarou, em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que o governo estadual poderia ter perdido bilhões de reais na exploração de nióbio na região do Alto Paranaíba.

Leia também

O caso ganhou destaque após divergências na interpretação de cláusulas do contrato firmado entre Codemig e CBMM, que, em parceria, fazem a extração do minério no município.

Para gerenciar essa operação, em 1972, Codemig e CBMM criaram a Companhia Mineradora do Pirocloro de Araxá (Comipa), com contrato válido até 2032. O acordo prevê controle compartilhado da empresa, extração proporcional do minério e repasse de 25% dos lucros para a estatal. A CBMM fica com a maior fatia dos lucros por ser responsável pela parte operacional.

Em nota enviada à reportagem, a CBMM destacou que, em março de 2023, as partes assinaram um termo de compromisso com o objetivo de dar maior visibilidade aos dados e resultados da operação de extração de minério nas minas exploradas pela Comipa. A Codemig ficou responsável por publicar essas informações anualmente em seu site.

“A investigação mencionada trata do mesmo assunto já avaliado e decidido pelo Ministério Público, razão pela qual o próprio órgão técnico do TCE entendeu que esse tema já está totalmente superado”, declarou a empresa.

Preço da Companhia

Na última quarta-feira, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou a federalização da Codemig como forma de amortizar parte da dívida de R$ 165 bilhões do estado com a União.

A oposição acredita que a Codemig pode representar o ativo mais valioso para que Minas consiga abater os 20% da dívida sem recorrer à venda de empresas como a Cemig ou a Copasa.

Confira a nota da CBMM na íntegra

A CBMM e a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG) cumprem, de forma correta e transparente, a parceria para otimizar o aproveitamento do nióbio de Araxá, desde o início da vigência, em 1972.

Por essa parceria, foi criada a Companhia Mineradora do Pirocloro de Araxá (Comipa), uma empresa de gestão compartilhada entre CBMM e CODEMIG que recebeu, por arrendamento, os direitos de lavra das minas pertencentes às duas empresas.

A Comipa existe para garantir que seja lavrada a mesma quantidade de minério de pirocloro de ambas as minas, e que após a extração, o minério seja vendido com exclusividade para a CBMM. A CBMM é a única responsável pelo beneficiamento, a industrialização e comercialização dos produtos industrializados de nióbio, pelo desenvolvimento de mercado e aplicações para os seus produtos.

Em 2018, um ex dirigente da CODEMIG, no último ano de seu mandato, questionou se de fato a lavra estava sendo realizada de forma igualitária pela COMIPA. Por essa razão, um inquérito no Ministério Público Estadual passou a analisar essa questão.

A conclusão do inquérito, após perícia técnica realizada e acompanhada por consultoria indicada pelo Ministério Público, confirmou que o contrato foi cumprido corretamente e que a lavra tem sido realizada de forma absolutamente correta desde o início da parceria há 50 anos e que, portanto, o questionamento levantado não tem fundamento.

Em 07 de março de 2023, foi assinado um termo de compromisso entre as partes com o único objetivo de conferir maior visibilidade, para a sociedade em geral, para os dados e resultados relativos à operação de extração de minério nas minas exploradas pela COMIPA, por parte da CODEMIG, que assumiu a obrigação de publicá-los anualmente em seu website.

A investigação mencionada trata do mesmo assunto já avaliado e decidido pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, razão pela qual o próprio órgão técnico do TCE entendeu que esse tema já está totalmente superado.

Tendo em vista a relevância dessa parceria para o Estado de Minas Gerais, a CBMM mantém seu compromisso com o esclarecimento de todas as dúvidas dos órgãos de controle e da sociedade sobre este contrato e sobre os demais temas de interesse coletivo.

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.

Ouvindo...