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Gonet pede reabertura de inquérito sobre interferência de Bolsonaro na PF

Procurador-geral afirma que novos indícios apontam uso indevido da estrutura do Estado e pede que STF retome investigações

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pede reabertura de inquérito sobre suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal

O procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, solicitou nesta quarta-feira (15) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que sejam retomadas as investigações sobre a possível interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. O pedido foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, a partir das acusações feitas pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro. O inquérito havia sido arquivado após a Polícia Federal concluir que não existiam provas suficientes de que Bolsonaro tentou interferir nas investigações.

À época, o Ministério Público concordou com o encerramento do caso. Agora, sob a gestão de Gonet, a Procuradoria-Geral da República avalia que surgiram novos elementos que justificam a retomada das apurações.

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De acordo com o procurador-geral, há “indícios relevantes” de que o ex-presidente tenha tentado utilizar a estrutura do Estado para obter informações sigilosas e influenciar investigações envolvendo pessoas próximas a ele.

Gonet destacou ainda a necessidade de cruzar o material coletado no inquérito com outras apurações em andamento, especialmente as que tratam do uso político de órgãos como a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Em manifestação enviada ao STF, a PGR defende que o caso seja analisado com “amplitude reforçada”, citando trocas de mensagens entre Bolsonaro e Sergio Moro. Em uma delas, o ex-presidente teria informado ao então ministro sua intenção de substituir o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, associando a decisão a investigações que atingiam aliados de seu governo.

Se o pedido for aceito por Moraes, a Polícia Federal deverá reabrir as diligências para verificar se houve de fato tentativa de interferência e se houve uso irregular de estruturas de Estado para monitorar autoridades. Após a nova rodada de investigações, o caso voltará à PGR para uma reavaliação.

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.