O presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de
Patos de Minas, na região do Alto Paranaíba,
Luís Eduardo Falcão (sem partido), afirmou ao presidente Lula (PT) que as prefeituras não estão sendo ouvidas durante o processo de privatização da Copasa, que tramita em
segundo turno na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
“
É muito importante que o governo federal veja de perto, ouvindo quem está mais perto das pessoas, que são exatamente os prefeitos e vereadores. Não podemos aceitar que os municípios não sejam ouvidos, e aqui cito dois exemplos: no caso da Copasa, as cidades não estão sendo ouvidas, e o debate vai muito além de ser contra ou a favor da privatização. Aqui, meu papel institucional é garantir que os municípios e prefeitos sejam ouvidos. Quem contrata esgoto é o prefeito. Nós estamos na ponta e, quando o buraco estiver aberto, quando faltar água, nós seremos cobrados”.
— disse Falcão.
O presidente da AMM declarou ainda, durante a
agenda de Lula em Belo Horizonte nesta quinta-feira (11), que o governo de
Romeu Zema (Novo) não procurou as prefeituras, em nenhum momento, para discutir eventuais mudanças nos contratos caso a companhia seja privatizada. “O governo do estado não entrou em contato com os municípios para falar absolutamente nada, mas quem assina o contrato é o prefeito ou a prefeita”, afirmou.
Falcão também recomendou aos prefeitos presentes — que receberam uma “cartinha” da Copasa sugerindo a renovação do contrato até 2073 — que não assinem documentos “de forma precipitada”. “Não assinem esse documento, porque vocês têm o direito e a prerrogativa de discutir as condições caso a privatização avance”, orientou o presidente da Associação.
Neste mês, a
AMM protocolou uma consulta formal ao Tribunal de Contas do Estado de Minas (TCE-MG) para obter orientação oficial sobre os efeitos da privatização nos contratos mantidos com as cidades mineiras.
Entre os questionamentos feitos pela Associação estão dúvidas referentes: à autonomia dos municípios para decidir pela manutenção ou não do contrato após uma privatização; à eventual obrigatoriedade legal de manter contratos vigentes; aos procedimentos corretos em caso de decisão pelo encerramento do contrato; e à necessidade ou não de processo administrativo formal caso o município simplesmente não dê anuência.
O governador Romeu Zema não esteve presente em nenhuma das agendas de Lula em Minas Gerais nesta quinta-feira. Antes de Belo Horizonte, o presidente esteve em Itabira, na região Central do estado.
Na capital mineira, o chefe do Executivo participa de mais uma edição da Caravana Federativa, projeto do governo federal para fortalecer a cooperação e a parceria entre os entes federativos, incluindo governo estadual e municípios.
Falcão lamentou a ausência do governador e de demais representantes do governo estadual.
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), que também acompanha a agenda, afirmou que, apesar das diferenças políticas com Zema,
o governador é sempre formalmente convidado para participar das agendas presidenciais em Minas. Ela classificou a postura dele como “errática e até desrespeitosa”.