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Eleição do Comam: subsecretário diz ter sido ‘surpreendido’ por volume de contestações

Com base em recomendação jurídica, a eleição do Conselho Municipal de Meio Ambiente foi suspensa em junho e os conselheiros atuais foram mantidos nos cargos.

Pedro Franzoni, subsecretário de Licenciamento e Controle Ambiental da prefeitura de Belo Horizonte.

A quantidade de recursos apresentados durante o período eleitoral do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam) surpreendeu a pasta ambiental da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Segundo o subsecretário de Licenciamento e Controle Ambiental, Pedro Franzoni, o alto número de pedidos resultou em um documento da Comissão Especial Eleitoral do Comam, sugerindo ao secretário de Meio Ambiente, João Paulo Menna Barreto, a suspensão do pleito.

Entenda o impasse

A PBH suspendeu a eleição de representantes da sociedade civil no Comam no dia 11 de junho, dois dias antes do pleito, previsto para o dia 13.

O anúncio foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM), alegando que a suspensão era necessária para assegurar a “legalidade, legitimidade, transparência e estabilidade” do processo eleitoral, que bateu recorde de candidaturas.

Das 82 organizações da sociedade civil inscritas, 62 chegaram a ser homologadas.

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Além da suspensão das eleições, também foi determinada a remessa do processo à Procuradoria-Geral do Município (PGM) e a manutenção do atual mandato por até seis meses, com os conselheiros permanecendo nos cargos até 2026.

Segundo o engenheiro ambiental e ativista Felipe Gomes, um dos candidatos às vagas pelo Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais (Senge), o Conselho recebeu 24 recursos que tentavam impugnar a candidatura de movimentos sociais — todos abertos por instituições ligadas à indústria e ao comércio no estado. No entanto, apenas dois foram julgados procedentes.

Foram ajuizados dois mandados de segurança: um pelo Sindicato dos Servidores Públicos do Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais (Sindsema) e outro, de forma coletiva, por três organizações — Sindsema, Akasulo e Senge.

O impasse das eleições do Conselho foi debatido na Câmara Municipal nesta segunda-feira, em audiência requerida pelos vereadores Cida Falabella (PSOL), Bruno Pedralva (PT), Iza Lourença (PSOL), Juhlia Santos (PSOL), Luiza Dulci (PT), Pedro Patrus (PT) e Wagner Ferreira (PV).

Durante a audiência, o subsecretário afirmou que, a partir de agora, se não houver decisões da Justiça, o objetivo é reestruturar o edital para permitir maior participação da sociedade civil, além de ampliar o número de cadeiras. “O tempo é curto. Prorrogamos por até seis meses, caso a Justiça não decida em sentido contrário. Mas o tempo passa, e passa rápido. Precisamos sentar à mesa, em conjunto, para repactuar as regras da eleição do Conselho”, disse Franzoni.

Para a vereadora Luiza Dulci, que presidiu a sessão, no entanto, algumas perguntas ainda não foram respondidas. Como encaminhamento, foi proposta uma nova audiência para acompanhar a elaboração do novo edital. “O secretário não esteve presente, não foi apresentado nenhum calendário da prefeitura em relação à elaboração desse novo edital, e a Câmara vai seguir monitorando a situação”, disse à Itatiaia.

Jornalista pela UFMG, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já atuou na produção de programas da grade, apuração e na reportagem da Central de Trânsito Itatiaia Emive. Atualmente, contribui como repórter na editoria de política.