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Eleição do Comam: subsecretário diz ter sido ‘surpreendido’ por volume de contestações

Com base em recomendação jurídica, a eleição do Conselho Municipal de Meio Ambiente foi suspensa em junho e os conselheiros atuais foram mantidos nos cargos.

Pedro Franzoni, subsecretário de Licenciamento e Controle Ambiental da prefeitura de Belo Horizonte.

A quantidade de recursos apresentados durante o período eleitoral do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam) surpreendeu a pasta ambiental da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Segundo o subsecretário de Licenciamento e Controle Ambiental, Pedro Franzoni, o alto número de pedidos resultou em um documento da Comissão Especial Eleitoral do Comam, sugerindo ao secretário de Meio Ambiente, João Paulo Menna Barreto, a suspensão do pleito.

Essa recomendação foi avaliada pela assessoria jurídica da secretaria [de Meio Ambiente], que emitiu um parecer também recomendando a suspensão do edital e a recondução dos conselheiros por até seis meses”.
— disse o subsecretário em audiência pública na Câmara Municipal de BH (CMBH), nesta segunda-feira (28).

Entenda o impasse

A PBH suspendeu a eleição de representantes da sociedade civil no Comam no dia 11 de junho, dois dias antes do pleito, previsto para o dia 13.

O anúncio foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM), alegando que a suspensão era necessária para assegurar a “legalidade, legitimidade, transparência e estabilidade” do processo eleitoral, que bateu recorde de candidaturas.

Das 82 organizações da sociedade civil inscritas, 62 chegaram a ser homologadas.

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Além da suspensão das eleições, também foi determinada a remessa do processo à Procuradoria-Geral do Município (PGM) e a manutenção do atual mandato por até seis meses, com os conselheiros permanecendo nos cargos até 2026.

Segundo o engenheiro ambiental e ativista Felipe Gomes, um dos candidatos às vagas pelo Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais (Senge), o Conselho recebeu 24 recursos que tentavam impugnar a candidatura de movimentos sociais — todos abertos por instituições ligadas à indústria e ao comércio no estado. No entanto, apenas dois foram julgados procedentes.

Minha candidatura foi impugnada, sem que me fosse garantido o direito à ampla defesa e ao contraditório. É preocupante, podiam ter deixado a coisa seguir. A principal justificativa da PBH para a suspensão foi o risco de judicialização, mas o processo acabou sendo judicializado”.
— avaliou.

Foram ajuizados dois mandados de segurança: um pelo Sindicato dos Servidores Públicos do Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais (Sindsema) e outro, de forma coletiva, por três organizações — Sindsema, Akasulo e Senge.

O impasse das eleições do Conselho foi debatido na Câmara Municipal nesta segunda-feira, em audiência requerida pelos vereadores Cida Falabella (PSOL), Bruno Pedralva (PT), Iza Lourença (PSOL), Juhlia Santos (PSOL), Luiza Dulci (PT), Pedro Patrus (PT) e Wagner Ferreira (PV).

Durante a audiência, o subsecretário afirmou que, a partir de agora, se não houver decisões da Justiça, o objetivo é reestruturar o edital para permitir maior participação da sociedade civil, além de ampliar o número de cadeiras. “O tempo é curto. Prorrogamos por até seis meses, caso a Justiça não decida em sentido contrário. Mas o tempo passa, e passa rápido. Precisamos sentar à mesa, em conjunto, para repactuar as regras da eleição do Conselho”, disse Franzoni.

Para a vereadora Luiza Dulci, que presidiu a sessão, no entanto, algumas perguntas ainda não foram respondidas. Como encaminhamento, foi proposta uma nova audiência para acompanhar a elaboração do novo edital. “O secretário não esteve presente, não foi apresentado nenhum calendário da prefeitura em relação à elaboração desse novo edital, e a Câmara vai seguir monitorando a situação”, disse à Itatiaia.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.