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Deputados adiam discussão sobre PEC que abre caminho para privatizar Copasa na ALMG

Base do governo Zema defende proposta como alternativa para adesão ao Propag, enquanto oposição denuncia retirada de direito constitucional dos mineiros

Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG)

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) adiou nesta terça-feira (9) a discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 24/2023 e de seu substitutivo, que tratam da exigência de quórum qualificado e de referendo popular em processos de privatização.

O relator da matéria, deputado Thiago Cota (PDT), apresentou parecer que restringe a dispensa do plebiscito apenas à Copasa, deixando de fora outras empresas estatais como Cemig e Gasmig. A nova reunião foi marcada para às 10h30 desta quarta-feira (10).

Segundo Cota, o parecer busca concentrar esforços na Companhia de Saneamento como forma de viabilizar a adesão de Minas ao Propag, o Programa de Pagamento das Dívidas dos Estados com a União. “Os pontos centrais é nós focarmos na questão da Copasa, como bem disse nos últimos dias o nosso presidente, deputado Tadeuzinho, que tem se debruçado na matéria”, afirmou. “Eu não tenho dúvidas de que é uma missão de todos nós na Assembleia buscarmos avançar com o Propag para que a gente possa diminuir essa dívida que é tão grande de Minas Gerais para com a União”, afirmou.

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O relator defendeu ainda que a base do governo reconhece a necessidade de entregar ativos para atender à exigência mínima de 20% de abatimento da dívida com a União. “Se nós entendermos que a Copasa é um ativo que pode ser entregue para que a gente possa chegar a esse número e, com isso, salvar outros ativos que são importantes para as mineiras e os mineiros, eu acho que é um caminho equilibrado que a Assembleia pode apontar”, disse Cota.

Oposição critica

A oposição, no entanto, critica a proposta. O líder do bloco opositor ao governo Zema (Novo), deputado Ulysses Gomes (PT), classificou a PEC como um ataque a direitos fundamentais. “Está se tirando um direito fundamental conquistado há décadas do cidadão, que é dele opinar sobre as empresas públicas, se elas devem ou não ser privatizadas, e essa é uma defesa intransigente da nossa parte como oposição”, afirmou.

Gomes também afirmou que o governo já possui autorização para aderir ao Propag e que, portanto, não há urgência em avançar com a mudança constitucional. “Nós já aprovamos o projeto principal, que é o pedido de adesão, então cabe ao governo de Minas com autorização que já tem do projeto de lei, cumprir o prazo que vai até 31 de dezembro”, explicou. Para ele, a venda da Codemig pode ser suficiente para alcançar a exigência de 20% e evitar a privatização da Copasa.

“Acredito que, com isso, a gente cumpra a necessidade do Estado de adesão com os 20% e a gente espera que tão logo o governo federal anuncie e publique o decreto, ele permita um prazo mais longo para que seja avaliado dentro do BNDES o valor constante disso”, disse. A lei que permite a transferência da Codemig e da Codemge à União como forma de abater a dívida já foi aprovada na ALMG e sancionada pelo governador Romeu Zema, faltando o retorno do Banco Nacional de Desenvolvimento Sustentável sobre o valor das empresas e se este valor seria suficiente para alcançar os 20% do valor da dívida, condicionante para zerar os juros acima da inflação nas parcelas da renegociação.

Apesar do substitutivo apresentado pelo governo retirar da proposta a Cemig e a Gasmig, a oposição promete manter a estratégia de obstrução. “Para a oposição não muda absolutamente nada. O que está na pauta é retirar da Constituição mineira o direito do cidadão ser ouvido. Privatizar A ou B, no caso específico da Copasa, é um passo seguinte”, criticou Gomes.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.