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Defesa de Bolsonaro afirma que relatório da PF é parcial e acusa uso de ‘lawfare’

Em resposta ao STF, advogados do ex-presidente diz que relatório da PF tem viés político e busca desmoralizá-lo com uso indevido do sistema judicial

O ex-presidente, Jair Bolsonaro.

Para a defesa de Jair Bolsonaro (PL), o relatório da Polícia Federal (PF) demonstra a parcialidade do caso que envolve o ex-presidente. A afirmação foi feita na resposta protocolada pela equipe de advogados de Bolsonaro após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, dar 48 horas para que fosse apresentada uma manifestação sobre pontos indicados no relatório da PF.

Moraes pediu explicações ao ex-presidente sobre o descumprimento de medidas cautelares e sobre um documento encontrado pelas autoridades, em que Bolsonaro supostamente pediria asilo político ao governo de Javier Milei, presidente da Argentina.

No texto enviado ao Supremo, a defesa de Bolsonaro afirma que o relatório da PF “só demonstra sua parcialidade”, alegando ainda que “essa mesma Polícia Federal foi responsável pela triagem de todas as mensagens que foram utilizadas pela acusação no processo penal”.

“Lawfare”

A defesa também utiliza o termo lawfare para se referir ao relatório da PF. Os advogados afirmam que o documento “causa espanto” e “se encaixa como uma peça política”, com o objetivo de desmoralizar Bolsonaro, “expondo sua vida privada e acusando-o de fatos tão graves quanto descabidos”.

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Para os advogados, a transcrição e a reprodução de diálogos com o filho do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), “não têm a menor relação com os fatos em apuração”.

É necessário presumir que os investigadores sabem o que é o crime de lavagem, que determina origem ilícita e não se consubstancia com depósitos via Pix para familiares. Então, o objetivo é o massacre. A desmoralização. Ou seja, é lawfare em curso”.
— diz um trecho do texto enviado ao STF.

A combinação das palavras law (direito, em inglês) e warfare (guerra) é usada para descrever uma estratégia de utilizar o sistema judiciário como forma de “destruir” um adversário político.

O que aconteceu?

A PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro por obstrução de investigação da tentativa de golpe de Estado.

Os investigadores apontam um repasse de R$ 2 milhões feito por Jair Bolsonaro para financiar a permanência do filho nos Estados Unidos, onde ele buscava apoio do governo Donald Trump para pressionar o Supremo Tribunal Federal.

O documento cita, ainda, um pedido de asilo que Bolsonaro teria planejado fazer ao presidente da Argentina, Javier Milei. O país, no entanto, negou ter recebido qualquer solicitação do ex-presidente brasileiro.

Por enquanto, o indiciamento não altera formalmente a situação jurídica de Bolsonaro, mas a torna mais delicada. Isso porque ele passa a correr o risco de se tornar réu novamente, caso a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente denúncia e o STF a aceite.

Veja vídeo:

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.