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Declaração de Zema sobre apoio de Bolsonaro em 2026 divide opiniões no PL

Em entrevista à Itatiaia, governador de Minas Gerais, que lançará sua pré-candidatura à presidência, afirmou que não deve caminhar ao lado do ex-presidente no ano que vem

Declaração de Zema sobre apoio de Bolsonaro divide opiniões no PL

A declaração do governador Romeu Zema (Novo) à Itatiaia de que possivelmente não estará ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições presidenciais de 2026 provocou reações distintas entre lideranças do PL em Minas Gerais. Enquanto alguns defendem prudência e estratégia, outros classificam a postura como injustificável e prejudicial a possíveis alianças no estado.

Na entrevista desta terça-feira (12), Zema, que lançará sua pré-candidatura à presidência da República no próximo sábado (16), afirmou que “quanto mais candidatos à direita tiver, mais forte ela ficará no primeiro turno e conseguirá transferir votos para o segundo. Então, isso não é preocupação. No segundo segundo turno, nós estaremos todos unidos”.

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O governador também disse que já comunicou a Bolsonaro de que irá se candidatar e, por isso, o apoio formal entre eles não deve acontecer no primeiro turno das eleições do ano que vem. “O presidente Bolsonaro está em outro partido, fiz questão de comunicá-lo que eu faria o lançamento da minha pré-candidatura à presidência. E com certeza ele deve ter outro candidato. Lembrando que meu partido é o Novo, ele nunca pertenceu ao Novo, mas temos uma meta em comum, que é o Brasil melhor, tirar a esquerda do poder”, afirmou.

A declaração acontece em meio às articulações do Novo para conseguir apoio de partidos, inclusive do PL, à candidatura do atual vice de Zema, Mateus Simões, ao governo de Minas. Simões já conta com o crivo do governador, mas compete com outros nomes, como o do senador Cleitinho (Republicanos) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) para representar a direita no pleito do ano que vem.

Prudência

Presidente estadual do PL, o deputado federal Domingos Sávio avaliou que “o primeiro turno das eleições federais costuma ter mais de um candidato, o que naturalmente leva a um agrupamento no segundo turno. Acho pouco provável que as eleições presidenciais sejam decididas no primeiro turno”.

O deputado ainda defendeu “prudência nas declarações” e disse que a posição de Zema foi estratégica: “Embora possivelmente não estejamos juntos no primeiro turno, certamente estaremos no segundo. A prudência é necessária porque é preciso pensar estrategicamente no segundo turno”, afirmou.

Sávio ponderou ainda que, em Minas, “o PL pretende ter seu candidato próprio ou construir uma aliança”, mas que ainda há tempo para definições. “Assim como Zema disse que não estará com o PL no primeiro turno, mas poderá caminhar junto no segundo, o mesmo vale para o Mateus [Simões]. Podemos não estar juntos no início, mas isso não impede que mantenhamos um bom relacionamento e possamos, no mínimo, nos unir no segundo turno”, afirmou.

Deputados criticam

Já o deputado estadual Caporezzo classificou as declarações do governador como ‘reveladoras’, afirmando que Zema conseguiu se eleger em 2018 graças a Bolsonaro. “É simplesmente reveladora a afirmação de Romeu Zema, que só foi eleito governador em seu primeiro mandato porque teve a ideia de surfar o bolsonarismo. Então Zema governador é filho primeiro de Jair Bolsonaro presidente. Se ele não pretende apoiar uma candidatura do PL, o mínimo que ele deveria fazer é falar que vai caminhar ao lado do presidente Bolsonaro”, disse.

Para Caporezzo, o posicionamento “é o cúmulo da falta de noção” e inviabiliza as intenções de Simões com o PL. “Se ele não vai caminhar com Bolsonaro, não vai caminhar com os valores do Partido Liberal. Além de não caminhar junto, ele ainda se posicionou contra uma candidatura de Jair Bolsonaro para presidente”.

O deputado estadual Sargento Rodrigues também criticou Zema e afirmou que a postura não surpreende, uma vez que, para ele, o governador de Minas é um fruto de estratégias de marketing. “Zema nunca foi de direita. O Zema é o projeto pessoal dele. Diferentemente do capitão Jair Bolsonaro, que é uma liderança incontestável. Bolsonaro e o PL têm projeto para o Brasil. Zema não tem projeto, Zema segue a intuição pessoal. Ele é produto de marketing, não é aquilo na essência”.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.
Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.