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Celso Sabino segue União Brasil e pede demissão do Ministério do Turismo

Partido havia dado prazo para que ministro entregasse o cargo na gestão petista

Celso Sabino, ministro do Turismo

O ministro do Turismo, Celso Sabino, decidiu pedir demissão do cargo após seu partido, o União Brasil, exigir que todos os filiados à legenda entregassem seus postos na gestão petista, sob pena de ser considerado ato de infidelidade partidária.

A decisão de sair do governo foi comunicada pelo deputado federal licenciado pelo Pará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (26), em reunião no Palácio do Planalto. Segundo Sabino, o petista pediu apenas que ele permaneça no cargo até a próxima semana, quando ele fará uma visita às obras da COP 30, a Conferência das Nações Unidas para o Clima, em Belém (PA).

“O presidente pediu que eu acompanhasse nessa missão a cidade de Belém na próxima quinta-feira e assim nós vamos estar”, declarou a jornalistas. O ministro afirmou ainda que tem vontade de continuar no cargo e ouviu de Lula uma sinalização de que pretende dialogar com o União Brasil para mantê-lo na equipe ministerial.

“Eu vou seguir conversando com as lideranças do meu partido, apresentando todas as razões que eu expliquei aqui para vocês e que o presidente também falou e nós vamos continuar o diálogo. Eu acredito no diálogo e eu acredito que os homens públicos devem querer o que é melhor para o país”, concluiu.

Sabino é o 12º ministro a deixar o governo e estava no cargo desde 2023, quando Lula buscou uma aproximação com o Centrão, grupo do qual o União Brasil faz parte, para facilitar a relação com o Congresso.

No ministério, ele foi responsável por liderar os preparos para a realização da COP 30. Sua gestão foi marcada pelo reaquecimento do setor do turismo no Brasil.

Em 2024, Sabino também foi eleito presidente do Conselho Executivo da ONU Turismo, o primeiro brasileiro a ocupar o cargo.

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Pressão partidária

O desembarque do governo, que antes estava previsto para ocorrer em outubro, foi antecipado após reportagens dos portais UOL e ICL ligarem o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que está no centro de uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre crimes no setor de combustível e no mercado financeiro.

Segundo esses veículos, uma testemunha teria relatado à PF que Rueda seria o dono de aviões utilizados pela facção criminosa. O dirigente partidário negou as alegações e colocou seus sigilos bancário e fiscal à disposição do procurador geral da República, Paulo Gonet.

Em meio ao noticiário negativo para Rueda, o União Brasil divulgou uma nota no último dia 18 em que acusava o governo Lula de interferir nas investigações com o objetivo de desgastar o presidente da legenda, crítico à atual administração federal.

“Tal ‘coincidência’ reforça a percepção de uso político da estrutura estatal visando desgastar a imagem da nossa principal liderança e, por consequência, enfraquecer a independência de um partido que adotou posição contrária ao atual governo”, afirma o partido.

Em processo de federação com o Progressistas, aguardando apenas uma homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o União Brasil tem a segunda maior bancada da Câmara, com 59 deputados, e seis senadores. Fiel da balança no Congresso, a ida do partido para a oposição pode atrapalhar a votação de projetos prioritários para o governo Lula a partir de agora.

Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.