Câmara de BH pode votar PL que proíbe linguagem neutra em publicações oficiais

O projeto de lei, que tramita em segundo turno na Casa Legislativa, no entanto, recebeu seis emendas que alteram o texto original

A Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) pode votar, de forma definitiva, em plenário, na quinta-feira (11), o Projeto de Lei (PL) 871/2024, que proíbe, entre outras coisas, o uso da linguagem neutra em publicações e sites governamentais da administração municipal.

O texto, assinado por onze parlamentares, estabelece diretrizes para a escrita, evitando o uso de jargões, termos técnicos e palavras estrangeiras. A proposta também determina que, sempre que possível, sejam utilizados elementos não textuais, como imagens, vídeos, gráficos e animações.

O PL ainda prevê a criação da função de “encarregado pelo tratamento da informação em linguagem simples”, que deve ser indicada no prazo de 90 dias após a publicação da lei, caso o projeto seja sancionado pelo prefeito de BH, Álvaro Damião (União Brasil). Quem assumir esse “cargo” deverá promover treinamento para o uso das técnicas de linguagem simples e supervisionar o cumprimento da legislação.

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Na justificativa da proposta, o vereador Irlan Melo (Republicanos) afirma que o objetivo é tornar a linguagem do Executivo e do Legislativo “mais fácil de entender”, por meio de “palavras simples e diretas”, para fortalecer a participação popular, assegurando o uso correto da língua portuguesa e das normas gramaticais padrão.

No texto inicial, a proposta proíbe a utilização da linguagem neutra e não binária em eventos e documentos oficiais. No entanto, foram apresentadas emendas que retiram essa obrigatoriedade e alteram o PL original. Elas serão avaliadas em plenário.

Linguagem neutra nas escolas

Em abril de 2023, a Câmara Municipal aprovou um PL que proíbe a utilização de linguagem neutra ou não binária nas escolas da capital mineira.

A proposta, de autoria do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), ex-vereador de BH, foi vetada pelo então prefeito Fuad Noman, que considerou a medida inconstitucional por “transgredir a competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional”.

O veto, no entanto, foi derrubado pelos parlamentares.

Em nível federal

Neste ano, o presidente Lula (PT) sancionou uma lei que também proíbe o uso de linguagem neutra na elaboração de textos de órgãos e entidades da administração pública de todos os entes federativos.

A linguagem neutra consiste, basicamente, na adaptação do gênero em palavras. Por exemplo, em vez de “todos nós”, pode-se escrever “todes” ou “todxs”.

A variação, porém, não faz parte das normas oficiais da língua portuguesa, mas é usada como pronome neutro para se referir a pessoas não binárias — que não se identificam exclusivamente com o gênero feminino ou masculino.

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.

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