A sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS teve de surpresa nesta quinta-feira (13), quando o advogado Eric Fidelis foi informado, em pleno depoimento, da prisão do pai, o ex-diretor de Benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), André Fidelis -
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A notícia foi comunicada ao advogado pelo relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União–AL), logo no início da reunião.
“Quero lamentar e lhe informar: o seu pai acaba de ser preso. Nós o convidamos, o convocamos duas vezes. O senhor André Fidelis mandou atestado dizendo que estava internado. Fugiu dessa CPMI. Se ele tivesse vindo prestar esclarecimentos, talvez não fosse preso”, declarou o parlamentar.
Veja o momento:
Fontes da Polícia Federal confirmaram a prisão à Itatiaia. Visivelmente constrangido, Eric Fidelis preferiu não comentar o assunto durante a oitiva. Graças a um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Eric poderá se manter em silêncio durante a sessão para não produzir provas contra si.
Quais são as suspeitas?
Segundo as investigações, André Fidelis é apontado como um dos principais articuladores do esquema que permitia descontos ilegais em aposentadorias e pensões em favor de entidades associativas. O ex-diretor, afastado do cargo, teria mantido relações financeiras com empresas e intermediários investigados por desvio e lavagem de dinheiro.
A CPMI também apura a participação do próprio Eric Fidelis. O escritório de advocacia do depoente teria recebido R$ 5,1 milhões de entidades ligadas ao esquema e movimentado mais de R$ 10,4 milhões entre 2023 e 2024 - valores considerados incompatíveis com a atividade declarada e possivelmente usados para ocultar a origem ilícita dos recursos.
Para o presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos–MG), os indícios revelam um esquema estruturado de corrupção que se infiltrou no sistema previdenciário. “Os sinais de lavagem de dinheiro são claros. É fundamental seguir o rastro dos recursos e chegar a todos os responsáveis”, afirmou.
A nova etapa da Operação Sem Desconto resultou na prisão de sete pessoas, entre elas o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e dirigentes de entidades associativas que, segundo a PF, integravam o núcleo financeiro das fraudes.