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30 anos de cotas: Representação feminina na política aumenta lenta, mas constantemente

Número de mulheres no Congresso Nacional é o maior da história, mas segue aquém da representação da divisão de gênero na população brasileira

Bancada feminina na Câmara dos Deputados

A promulgação da primeira lei que determinava a reserva de um percentual para mulheres nas listas de candidatos para eleições legislativas no Brasil completa 30 anos na próxima segunda-feira (29). Desde então, as regras para promover mais igualdade de representação de gênero foram, arduamente, sendo aperfeiçoadas e os resultados foram percebidos na ocupação das casas.

Desde a redemocratização, o percentual de mulheres ocupantes das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados nunca superou a marca dos 20%. A comparação da representação na última eleição com o pleito de 1990, porém mostra que a taxa de deputadas foi triplicada.

Até 2014, o percentual de deputadas na Câmara nunca superou a marca de 10%. O número máximo foi atingido justamente no pleito daquele ano, quando 51 mulheres foram eleitas, 9,9% da Casa.

O número aumentou significativamente em 2018, quando 77 mulheres foram eleitas e seguiu a toada em 2022, com o sucesso eleitoral de 91 candidatas, 15% e 17,7% da Câmara, respectivamente.

A perspectiva de um aumento lento, mas constante, foi debatida no Congresso neste ano quando um projeto de lei complementar (PLP) sugeria a determinação de uma cota de vagas de forma a reservar 20% das cadeiras para mulheres. A medida também retiraria a exigência de 30% de mulheres na lista de candidatos.

A medida foi entendida como um risco à participação feminina por criar um teto de participação nos 20%, percentual já quase alcançado atualmente. O receio de parlamentares e debatedores presentes nas audiências realizadas no Congresso era de que o projeto freie o avanço na participação e reduza o investimento dos partidos nas campanhas de mulheres, já que sua participação estaria garantida.

Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), as mulheres ocupam 15 das 77 cadeiras, 19,4% da Casa. Na Câmara Municipal de Belo Horizonte, 12 dos 41 postos de vereador são ocupados por mulheres, 29,3% das vagas.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.