Em 2005 o Brasil foi sacudido por um dos maiores escândalos políticos de sua história:
Vinte anos depois, os principais envolvidos seguiram caminhos distintos.
José Dirceu
Ministro-chefe da Casa Civil e considerado o cérebro político do governo Lula - cotado, inclusive, como sucessor natural do presidente, Dirceu foi condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha. Ele começou a cumprir pena em 2013 e foi indultado em 2016 pela presidente Dilma Rousseff.
As decisões anteriores foram sendo revistas ao longo dos anos: em 2023, o
Atualmente com 79 anos, José Dirceu ensaia uma volta à política e é cotado para disputar as eleições de 2026 como deputado federal do estado de São Paulo pelo PT. Dirceu também é cotado para disputar o Senado - embora o partido não eleja um senador pelo estado desde 2010, com Marta Suplicy.
Delúbio Soares
Em meio à crise que se instalou no Partido dos Trabalhadores em meio às investigações, o tesoureiro do PT chegou a ser expulso, mas foi reintegrado.
Delúbio Soares também chegou a ser condenado pelo Mensalão a 6 anos e 8 meses de prisão no regime semiaberto pelo pelo crime de corrupção ativa. Ele foi preso em novembro de 2013 mas, no ano seguinte, recebeu o benefício da prisão domiciliar e, em 2016, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu perdão da pena do processo.
Após o escândalo, Delúbio não retornou a cargos de destaque no partido. Ele é frequentemente visto, entretanto, em eventos do PT.
Roberto Jefferson
Delator do escândalo do mensalão, Roberto Jefferson foi condenado pelo STF a 7 anos e 14 dias de prisão em regime semiaberto pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além de multa de cerca de R$ 720 mil.
A pena foi atenuada por decisão do relator Joaquim Barbosa, que reconheceu a colaboração de Jefferson nas investigações.
Após ser libertado, Roberto Jefferson se tornou um forte defensor do governo Bolsonaro, com posições radicais e frequentes críticas à oposição.
Antes do Mensalão, o ex-deputado foi um dos líderes da equipe que defendia o presidente Fernando Collor de Mello, durante o processo de impeachment da década de 1990, e comandou um programa de TV no SBT na década de 1980.
Atualmente, Roberto Jefferson está em prisão domiciliar após ser detido nas investigações do inquérito das milícias digitais. O político também é alvo de outro mandado de prisão preventiva por tentativa de homicídio após
José Genoino
Ex-presidente do PT, Genoino foi condenado por corrupção ativa. Após cumprir pena, afastou-se da política e passou a atuar como comentarista e palestrante.
Marcos Valério
Publicitário apontado como operador do esquema, Valério foi condenado a mais de 40 anos de prisão. Atualmente, cumpre pena em regime semiaberto.
Duda Mendonça
Marqueteiro de Lula na campanha vitoriosa de 2002, Duda Mendonça morreu em 16 de agosto de 2021, aos 77 anos, em São Paulo, em decorrência de um câncer no cérebro. Durante o tratamento, ele contraiu COVID-19, o que agravou seu estado de saúde.
O publicitário esteve envolvido em polêmicas de corrupção e, no Mensalão, foi acusado por receber pagamentos no exterior por serviços prestados ao PT. Apesar disso, foi absolvido pelo STF em 2012 das acusações de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Também foi indiciado em 2013 pela Polícia Federal por suspeita de desvio de recursos no projeto Jampa Digital, caso que seguiu em investigação nos anos seguintes.
Joaquim Barbosa x Ricardo Lewandowski
Durante o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski protagonizaram diversos embates públicos que chamaram a atenção pela intensidade e pelo tom pouco usual dentro da Corte. Joaquim Barbosa, então relator do processo, ficou conhecido por adotar uma postura mais rígida e combativa, frequentemente criticando colegas que discordavam de suas interpretações.
Lewandowski, por sua vez, era revisor da ação e apresentava posições mais cautelosas, o que gerava atritos diretos com Barbosa durante as sessões. Em várias ocasiões, os dois trocaram farpas, interrompendo um ao outro e elevando o tom do debate.
Um dos momentos mais emblemáticos ocorreu quando Barbosa acusou Lewandowski de fazer “voto político” ao pedir vista de um dos processos, sugerindo que a intenção era adiar decisões. Lewandowski respondeu com indignação, afirmando que exercia seu papel constitucional e que não aceitaria ser desrespeitado.