O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, alfinetou outros governos ao abordar questões de transparência e combate à corrupção durante a abertura da IV Semana Mineira de Controle Interno, realizada nesta segunda-feira (19) em Belo Horizonte. O evento, promovido pela Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais (CGE), reúne especialistas nacionais e internacionais para discutir práticas e soluções no controle interno.
Zema destacou que a corrupção ainda é um problema recorrente no país e criticou a falta de vontade política para combater irregularidades. “Acho que todos aqui vão se lembrar do Mensalão, da Petrobras, da Lava Jato, da mala de dinheiro e de outros casos semelhantes. Por que isso aconteceu há 5, 10, 15 anos, e por que, há 20 dias, tivemos o desconto do INSS? Por que será que a história está se repetindo? Não é algo tão simples de responder, mas tenho minha opinião. Primeiro, falta vontade política no Brasil”, afirmou.
O governador ressaltou as medidas adotadas em Minas para garantir transparência e combater práticas ilícitas na gestão pública e elogiou o trabalho de Rodrigo Fontenelle, Controlador Geral do Estado. “Aqui em Minas, quando comecei minha gestão, chamei para trabalhar Rodrigo Fontenelle e disse que ele teria autonomia: ‘você deve punir todos exemplarmente’. Parece que isso não é muito praticado no Brasil. Tanto é que, em todos esses escândalos que mencionei, acho que poucas pessoas continuam presas, apesar dos enormes danos que causaram”, disse Zema.
Ainda de acordo com o chefe do Executivo estadual, a resistência à transparência também é um fator preocupante. “O governador de Minas não tem missão secreta. Por que os voos precisavam ficar sob sigilo por cinco anos? Não estou fazendo nada de secreto. Falta também, por parte de muitos gestores públicos, a disposição de dar o exemplo, e é isso que tenho procurado fazer em Minas Gerais”, completou, em alusão a eventuais viagens aéreas de seu sucessor no Palácio Tiradentes, Fernando Pimentel (PT).
O vice-governador, Mateus Simões, também abordou o tema e comentou sobre sua participação em um evento em Nova York. “Estive na semana passada representando o governo em Nova York, e em um dos encontros o enviado especial da Casa Branca para assuntos na América Latina estava nos três ‘Cês’: câmbio, corrupção e crime”, disse.
Simões destacou que Minas Gerais possui vantagens econômicas e avanços no controle interno, mas reforçou que a corrupção é uma preocupação constante. “Disse a eles depois que ficava triste com as notícias, mas que Minas se posicionava bem, porque a questão do câmbio era uma questão dramática, mas nós temos a vantagem de, por sermos exportadores naturais, sofremos um pouco menos. Na criminalidade temos uma das melhores polícias do país. Mas que na parte de corrupção eu tinha mais tranquilidade de dizer que este problema vinha sendo extirpado no nosso estado nos últimos seis anos”, declarou o vice-governador.
O evento
A IV Semana Mineira de Controle Interno é promovida pela CGE e acontece de forma presencial e gratuita em Belo Horizonte, entre os dias 19 e 23 de maio. Com o objetivo de promover o fortalecimento do controle interno e fomentar a troca de experiências, o encontro reúne servidores, gestores públicos e especialistas do setor.
A programação inclui palestras, mesas de discussões e oficinas práticas, abordando temas como o uso de tecnologias e inteligência artificial no controle da administração pública.