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Mateus Simões contrata marqueteiro e traça estratégia diferente de Zema para 2026

Vice-governador terá ex-chefe de gabinete de Kalil e antigo aliado de Aécio Neves como marqueteiro para disputa em 2026

O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), já se movimenta de olho nas eleições de 2026. O passo mais recente foi a contratação do marqueteiro Alberto Lage para desenvolver estratégias de comunicação e imagem do político, que deve assumir o Palácio Tiradentes em definitivo com a provável saída de Romeu Zema (Novo), que quer se envolver na disputa pela Presidência da República em 2026.

A contratação de Lage, que teve papel estratégico na campanha de Gabriel Azevedo (MDB) à Prefeitura de Belo Horizonte, é um dos indícios da estruturação de sua campanha. A ascensão de Gabriel, que conseguiu mais de 10% dos votos no primeiro turno de 2024 após largar na campanha com uma projeção abaixo, é bem avaliada por interlocutores ligados ao atual vice-governador que conversaram com a Itatiaia.

A ação é vista também como uma resposta à escolha de Zema pelo publicitário Renato Pereira - marqueteiro com longa trajetória na política, trabalhando com figuras como o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (MDB), e do ex-governador mineiro e atual deputado federal, Aécio Neves (PSDB).

“Mateus Simões não é um vice decorativo. Ele tem ficado mais presente nas entregas e agendas públicas, mas sempre teve um papel preponderante nas decisões de programas importantes do governo. Inclusive, ele se reúne com frequência com os secretários”, disse essa mesma fonte sobre as agendas do vice-governador, que tem participado de eventos e entregas do governo estadual com frequência igual ou até maior que o próprio Zema.

Posturas diferentes

Colegas de partido, Mateus e Zema não demonstram ter diferenças ideológicas e, recorrentemente, se elogiam em público.

No entanto, os dois têm adotado abordagens diferentes em temas relevantes, especialmente nas redes sociais. Enquanto Zema tem intensificado as críticas ao governo Lula e recentemente demonstrou alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Simões adota um tom mais institucional. Em vez de ataques, ele tem preferido destacar realizações da gestão estadual e priorizar o discurso técnico.

“Eles têm uma afinidade entre si, mas a postura, o discurso já é diferente. Tomo por base as entrevistas e, principalmente, as redes sociais”, disse uma fonte. Esse comportamento pôde ser observado, por exemplo, no evento de concessão da BR-262, em Uberaba, quando Simões manteve um tom cordial e construtivo na interação com o ministro dos Transportes de Lula, Renan Filho.

Outras movimentações reforçam a estratégia de fortalecimento da imagem do vice-governador. Simões recentemente alterou seu usuário nas redes sociais, retirando o título de “professor” que utilizava anteriormente, e tem assumido uma postura mais ativa nas entregas e na participação em reuniões estratégicas do governo. Ele também tem se dedicado a temas específicos, como a segurança pública, onde determinou a criação de grupos para o combate ao crime organizado.

Estratégias e cálculos políticos

Diante desses movimentos, a pergunta que surge nos bastidores é se Mateus Simões pode, em algum momento, distanciar-se do discurso de Zema.

Fontes ligadas ao vice-governador apontam que, apesar da sintonia entre os dois, a abordagem é distinta. Simões tem evitado polarizações, adotado uma postura considerada como “republicana” e, ao contrário de Zema, não tem entrado na disputa ideológica envolvendo Lula e Bolsonaro.

Em contato com a Itatiaia para falar sobre o futuro, Simões se colocou como um nome pronto para dar continuidade à gestão. “O governador tem dito que deseja que eu seja o candidato à sucessão dele, mas a nossa preocupação maior é com a continuidade do trabalho. Minas Gerais foi devolvida aos trilhos e não podemos permitir que quem destruiu o estado no passado volte a ocupar o governo”, disse o vice-governador.

‘Continuidade no trabalho de Zema’

Mateus Simões larga na disputa pelo governo de Minas com um apoiador de peso. Romeu Zema já afirmou publicamente, em mais de uma oportunidade, que deseja ver seu vice como sucessor. Caso se confirme a estratégia de Zema de se licenciar no início de 2026 para se dedicar à campanha presidencial, Simões assumirá o governo e poderá ganhar mais visibilidade antes da disputa eleitoral.

“O mais importante é a gente garantir que o bom trabalho continue acontecendo, meu nome estará à disposição quando for o momento e eu tenho trabalhado para a gente garantir esse legado do governador Romeu Zema nesses dois mandatos que vêm se completando ao longo dos últimos anos”, disse Mateus Simões

A estratégia de Simões indica que sua candidatura será marcada por um discurso de gestão e continuidade, enquanto Zema se volta para os embates nacionais, de olho em sua própria candidatura. Atualmente, o governador mineiro é cotado para disputar a presidência - ainda não se sabe se como candidato ou vice de alguma chapa.

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Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.
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