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Especialistas avaliam recuo de governo Zema no aumento do ICMS

Governador de Minas anunciou em suas redes que Estado não vai mais aumentar alíquota do ICMS sobre produtos importados

Governador Romeu Zema recuou e anunciou que aumento do ICMS não será cobrado em MG

A decisão do governador Romeu Zema (Novo) de cancelar a aumento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre produtos importados pode representar um alívio até mesmo para consumidores que fizeram compras nesta terça-feira (1º), quando o reajuste entrou em vigor.

Professor em Direito Tributário da PUC Minas, Alexandre Costa, avalia que a alternativa de Zema deve ser editar um decreto revogando o decreto anterior, o que impediria a aplicação do reajuste.

“É possível um aumento de imposto viger por apenas um dia, mas não acredito que isso vá acontecer. O que deve ocorrer é o Governador editar um decreto revogando o Decreto anterior (48.791/2024) com efeitos retroativos a hoje. Assim não seria aplicado o aumento”, explicou Costa.

Ele avalia ainda que, como o imposto é pago no momento em que o produto chega no Brasil, eventuais compras realizadas nesta terça-feira não devem ser impactadas. “Aí não seria necessário cancelar ou pedir a revisão dos tributos. O que pode ocorrer é a hipótese da pessoa receber a cobrança com o aumento, caso isso ocorra hoje. Aí, sendo revogado o decreto, com efeitos retroativos, ele poderia pedir a revisão”, detalha o especialista em Direito Tributário.

A reportagem da Itatiaia entrou em contato com o governo Zema para saber como será feita a revogação do reajuste no ICMS, mas até o momento o governo não se manifestou.

Aumento revogado

No final da manhã, Zema usou suas redes sociais na tarde desta terça-feira (1º) para anunciar que o Estado não vai aumentar o ICMS sobre importados. “O Governo de Minas não aumentará o ICMS sobre importados. A medida é um combinado de todos os Estados para proteger a indústria nacional. Porém, como nem todos concluíram o ajuste, Minas optou por não aumentar”, escreveu Zema em suas redes.

O reajuste no Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em Minas Gerais sobre compras internacionais passou a valer a partir desta terça-feira, com aumento de 17% para 20%.

Minas Gerais estava na lista dos 10 estados que aumentaram o ICMS para 20%: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe.Com o novo anúncio de Zema, nove estados vão ter aumento no ICMS.

‘Insegurança jurídica’

Alexandre Costa considera que esse tipo de mudança pode gerar insegurança jurídica, mas que neste caso a situação é favorável aos contribuintes.

“Com certeza isso gera uma insegurança jurídica, porém neste caso é uma situação favorável aos contribuintes. Isso é diferente do que aconteceu no final de 2022 e início de 2023. No final de 2022 o governo que saia editou um decreto reduzindo as alíquotas do PIS/Pasep e Cofins incidente sobre as receitas financeiras com vigência a partir de 01/01/23. No próprio dia 01/01 o governo que tomava posse revogou o decreto restabelecendo alíquotas maiores. Essa é uma situação que gera muita insegurança jurídica. No caso do governo do Estado hoje, essa insegurança é minorada porque se trata da revogação de um aumento de tributo. Quanto à arrecadação, certamente vai ter impacto, porque o Orçamento do Estado deve ter levado em consideração o aumento”, explica o especialista.

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Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.