Ouvindo...

Acampamento do MST visitado por Lula já foi alvo de 11 pedidos de reintegração e de protesto contra Zema

Pouco mais de 450 famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra ocupam espaço que é alvo de disputa há quase 30 anos

Em 2020, durante a pandemia da Covid-19, uma ação de reintegração de posse ocorreu na área do acampamento Quilombo Campo Grande

O Quilombo Campo Grande, localizado no município de Campo do Meio, no Sul de Minas, é um território alvo de disputas judiciais há quase três décadas e considerado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) um símbolo da luta pela reforma agrária no Brasil.

As 459 famílias que ocupam o local recebem, nesta sexta-feira (7), a primeira visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que anunciará a desapropriação de três fazendas na região.

Leia também

Serão anunciadas as desapropriações das fazendas Ariadnópolis, com mais de 3 mil hectares, Mata Caxambu e Potreiro, que, juntas, têm mais de 400 hectares.

Depois de se tornar alvo de cobranças e críticas do MST e sofrer com a queda na popularidade, Lula busca uma reaproximação com o movimento.

Quilombo Campo Grande

O acampamento do MST visitado nesta sexta-feira pelo presidente Lula faz parte do Complexo Ariadnópolis, que era parte da massa falida da Usina Ariadnópolis Açúcar e Álcool S/A.

Em 1996, a usina deixou de funcionar em 1996, com dívidas com a União e sem pagar salários atrasados e verbas indenizatórias aos seus funcionários. Muitos deles permanecem na terra e integraram o movimento de ocupação.

Em 1998, criaram o Quilombo Campo Grande do Meio, hoje composto por 11 acampamentos: Betim, Campos das Flores, Chico Mendes, Fome Zero, Girassol, Irmã Dorothy Resistência, Rosa Luxemburgo, Sidney Dias, Tiradentes e Vitória da Conquista.

Desde a criação do acampamento, a massa falida da empresa já empreendeu 11 tentativas de reintegração de posse, a última delas durante a pandemia da Covid-19, quando, de forma arbitrária, foi destruída a Escola Popular de Agroecologia Eduardo Galeano.

Protesto contra Zema em 2020

A ação de reintegração em 2020 rendeu vários protestos do MST contra o governador Romeu Zema (Novo), que foi acusado de instigar ações truculentas contra as famílias do MST.

Na época, no entanto, o governo Zema informou que a decisão de reintegração era uma ordem judicial e, portanto, deveria ser cumprida pela PM.

O governador chegou a anunciar que a Secretaria de Desenvolvimento Social pediu a suspensão da ordem de despejo e não foi atendida.

“Como o pedido não foi aceito, a reintegração determinada pela Justiça passou a ser cumprida nesta quarta. A PM dá suporte a uma ação do oficial de justiça responsável pelo cumprimento da ordem judicial para reintegração de posse. A ordem para execução da reintegração de posse foi determinada pelo juízo da Comarca de Campos Gerais, que cabe a decisão”, informou Zema na época dos protestos.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.