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Mototáxi será regulamentado em BH? Saiba como o serviço funciona hoje e o que pode mudar

Nesta quinta-feira (23), Ministério do Trabalho suspendeu um ofício que tentava barrar o serviço em Belo Horizonte

Serviço ainda não é regulamentado em BH

A Superintendência Regional de Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE-MG), recuou da decisão que suspendia, de forma imediata, o serviço de transportes de passageiros em motos, mediadas por aplicativo, em Belo Horizonte. A decisão, tomada nesta quinta-feira (23), veio por meio do superintendente Carlos Calazans, que informou que irá retirar do projeto, que será enviado à Prefeitura de BH, a medida que determina suspensão.

Na parte da tarde, um grupo de mototaxistas protestou na Câmara Municipal (CMBH), no prédio da PBH e na sede da STE-MG.

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O transporte de passageiros é regulamentado em BH?

Não há uma regulamentação específica para o serviço de mototáxi na capital mineira e o funcionamento desta modalidade está amparado por leis federais.

  • Lei 12.587, de 2012: o texto institui a Política Nacional de Mobilidade Urbana.
  • Lei 13.640, de 2018: o texto regulamenta o transporte por aplicativo. A lei, no entanto, não traz uma especificação para as motocicletas.

Em 2021, a empresa Uber lançou o primeiro serviço de moto de aplicativo em BH, mesmo sem uma lei municipal específica para amparar o funcionamento.

Na avaliação do diretor da Escola da Associação Mineira de Advogados Trabalhistas (AMAT), Antônio Queiroz, o Poder Executivo — no caso, a PBH —, pode regulamentar, mas afirmou que a criação da lei cabe à Câmara Municipal.

Projeto protocolado

O vereador Pablo Almeida (PL) protocolou recentemente um projeto de lei na CMBH que propõe a regulamentação do serviço de mototáxi por aplicativo na capital. De acordo com uma publicação feita por ele, o PL estabelece que as empresas devem implementar serviços de monitoramento de velocidade e rastreamento em tempo real das motocicletas.

Criação de uma comissão

Após a manifestação, alguns representantes dos mototaxistas se reuniram com Calazans e com os vereadores Pablo, Tileléo (PP) e Sargento Jalyson (PL).

Em nota divulgada pela SRTE-MG, foi confirmada a proposta de se criar um grupo de trabalho para discutir o futuro da categoria, com a participação do superintendente, dos trabalhadores, da Câmara, da prefeitura e do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A primeira reunião deverá acontecer nos próximos 20 dias na CMBH.

O comunicado também informa que o “representante máximo” no MPMG irá acompanhar os encaminhamentos do grupo.

Em entrevista para a Itatiaia, o prefeito em exercício de BH, Álvaro Damião (União), disse que a PBH não é contra o serviço e afirmou que a regulamentação não cabe ao Executivo.

Em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), anunciou que irá acionar a Uber e a 99 na Justiça após as empresas descumprirem um decreto municipal de 2023, que proíbe o serviço.

“A Uber é proibida de funcionar em Nova York e em alguns estados dos EUA, mas mesmo assim funciona. A Uber não se importa com qualquer proibição. Se proibiu ou não para ela é muito fácil, pouco diferente”, explicou Antônio Queiroz.

Para a Itatiaia, a 99 respondeu, em nota, que a empresa está “consolidada em mais de 3.300 municípios brasileiros” e que “já faz parte” da rotina das cidades, incluindo Belo Horizonte. “Permanecemos abertos ao diálogo com a Prefeitura de Belo Horizonte para colaborar com uma futura regulamentação, como sempre estivemos”, diz o comunicado.

Procurada pela reportagem, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) respondeu pela Uber. Eles afirmaram ver com “estranheza” a volta do debate “defasado sobre a legalidade do transporte de passageiros por motocicletas intermediado por plataformas digitais”.

Em nota, a associação afirmou que o serviço é uma atividade privada, legal, regida pela Política Nacional de Mobilidade Urbana, e sustentada pela Lei Federal n° 13.640. “Desta forma, os aplicativos têm autorização legal para atuar em todo o território nacional, entendimento apoiado por dezenas de decisões judiciais no país”, completou.


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Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.