A coligação entre o partido do governador Romeu Zema (Novo) e o Republicanos em Belo Horizonte indicam incoerência por parte do Novo, segundo especialistas ouvidos pela Itatiaia.
Na corrida pela PBH, o Novo indicou, na semana passada, a ex-secretária de Planejamento, Luísa Barreto, para ser vice do deputado estadual, Mauro Tramonte (Republicanos). Dias antes da decisão, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, deixou o PSD e se filiou ao Republicanos para apoiar o parlamentar. Com isso, Kalil e Zema, outrora adversários, devem ser visto no mesmo palanque nos próximos meses.
Kalil x Zema
Em 2022, Kalil foi candidato do presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) ao Governo de Minas. Zema, por sua vez, apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições. Com a mudança de partido de Kalil, ele e Zema, que sempre estiveram em lados opostos, estarão no mesmo palanque nas eleições municipais.
Coligações
O estatuto do partido Novo, desde sua fundação em 2016, prevê que toda coligação tenha que ser aprovada pela executiva nacional. A primeira liberação foi justamente em Minas Gerais, em 2022, para que Zema pudesse disputar a eleição em uma composição com o Progressistas, chapa que apresentou o secretário da Casa Civil, Marcelo Aro, como candidato ao Senado.
Velha política
Segundo Marcelo Alcântara, Gerente de Análise Política e Econômica na Prospectiva Public Affairs LAT.AM, o comportamento atual do partido se distancia do discurso original.
“Representa de fato uma mudança de postura e de paradigma da trajetória desse partido que foi fundado em 2016 e que disputou primeira eleição em 2018 com o discurso da renovação da política e de combate aos grupos antigos da velha política, né, com o discurso de que não seria utilizado recursos públicos, de financiamento de campanha, que não seria utilizados o fundo partidário”, pontuou Alcântara.
Coligações
A experiência do primeiro mandato estadual em Minas, com muita resistência da Assembleia Legislativa e necessidade de angariar mais apoio político para disputar as eleições, em 2022, mostrou ao partido que as alianças são necessárias e possíveis, segundo o presidente da sigla, Eduardo Ribeiro.
“Nós fizemos uma boa coligação em Minas Gerais que reelegeu o governador Romeu Zema no primeiro turno. Então, já temos uma experiência positiva, mostrando que é possível fazer coligações com partidos de centro-direita, partidos de centro e partidos de direita, para termos viabilidade e sucesso eleitoral sem abrir mão dos nossos princípios e valores”, afirmou o presidente nacional do Novo, em um vídeo gravado para as redes sociais no ano passado.
Abandono de ideologia
Para o cientista político e professor Ricardo João Braga, ao longo dos anos, o Partido Novo perdeu parte da ideologia.
Incoerência
Segundo João Amoedo, um dos fundadores do Novo e crítico dos rumos da legenda, a aliança com o Republicanos em Minas mostra a incoerência do partido. “Mais uma atitude que só demonstra a incoerência do NOVO atual e o abandono dos princípios da sua fundação. Por votos vale tudo: aliança com opositores, com partidos de esquerda e uso de dinheiro público”, disse o ex-novista à Itatiaia.
Partidos vetados
Neste ano, o Novo proibiu coligações com a Federação Brasil da Esperança (PT, PC do B e PV) e a Federação PSOL REDE (PSOL e REDE), que reúnem partidos de esquerda.
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A Itatiaia aguarda posicionamento no Partido Novo. O espaço segue aberto.