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Presidente do Ibram defende proibição de ações de municípios no exterior: ‘Questão de soberania nacional’

Instituto entrou com ação no STF pedindo para estados e munícipios sejam impedidos de acionar tribunais de outros países

Presidente do Ibram, Raul Jungmann, falou sobre ação no STF para impedir estados e municípios de ingressar em ações no exterior

O diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, afirmou nesta quarta-feira (3), em entrevista à Itatiaia, que o pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que estados e municípios sejam impedidos de ingressar com ações em cortes estrangeiras tem como objetivo garantir a segurança jurídica para a atividade e o respeito à soberania nacional.

“É uma questão de soberania nacional. Municípios e estados são entes infraconstitucionais, quem representa o Brasil no exterior é a União, ou seja, o governo federal. Então não é admissível se negar o que é uma soberania estabelecida na Constituição Brasileira. Entendemos que não é justo que você venha a pagar duas vezes por algo que você cometeu”, afirmou Jungmann.

Veja mais: Mineradoras apelam ao STF e citam 60 municípios em processo que quer impedir ações no exterior

“Então, se você está sendo julgado na Justiça brasileira, você não deveria recorrer a outro país. Isso significa que, por exemplo esse litígio na Inglaterra, poderia ser em outro país, na Indonésia, no Canadá, na França, na Rússia, na Austrália, e aí, como fica a constituição Brasileira? Ninguém está se negando a pagar nada, o desejo é pagar e que isso seja feito da forma mais justa e rápida possível. Agora, pessoas que não têm nenhuma relação conosco, mas fazem parte de uma indústria da tragédia, fundos abutres que financiam grandes bancas, vão ficar com uma parte e deixar migalhas para as pessoas que aqui estão. Isso não faz sentido. Sem nenhum prejuízo à compensação e à necessidade de compensar quem foi atingido”, continuou o presidente do Ibram.

Na semana passada, o Ibram protocolou uma ação no Supremo pedindo que as prefeituras mineiras sejam impedidas de ingressar em ações no exterior pedindo reparação por danos provocados pelas mineradoras.

O Ibram citou 60 prefeituras no processo, que está sob relatoria do ministro Flávio Dino, entre eles Mariana e Brumadinho — que sofreram com rompimentos de barragens em 2015 e 2019.

Em petição de 54 páginas apresentada por meio de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), o Instituto pede que a Corte conceda liminar “urgente” para impedir a judicialização em Tribunais de outros países.

O Ibram cita processos movidos por municípios atingidos pelos desastres provocados pelas mineradoras em Cortes do Reino Unido, Estados Unidos, Países Baixos e Alemanha e alega que a prática é inconstitucional.

Acordo de Mariana

O presidente do Ibram se disse otimista com a conclusão do acordo de Mariana, que vem se arrastando há três anos, para a repactuação sobre indenizações pela rompimento da barragem do Fundão, em 2015.

“O acordo está para sair, está em sua etapa final. Lembrando que ele se trata de uma revisão de um acordo que tinha cinco anos para ser revisto, mas demorou mais. Nossa expectativa é que todos aqueles que foram atingidos, seja indivíduos, empresas ou municípios, tenham a devida compensação e que ela seja justa e célere”, disse Raul Jungmann.

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Tem mais de 27 anos de experiência jornalística, como gestor de empresas de comunicação em Minas Gerais. Já foi editor-chefe e apresentador de alguns dos principais telejornais do Estado em emissoras como Record, Band e Alterosa, além de repórter de rede nacional. Foi editor-chefe do Jornal Metro e também trabalhou como assessor de imprensa no Senado Federal, Tribunal de Justiça de Minas Gerais e no Sesc-MG. Na Itatiaia, onde está desde abril de 2023, André é repórter multimídia e apresentador.
Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.