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Rodovia da Morte: motoristas e moradores aguardam, com expectativa, leilão da BR-381

Governo federal já tem data para leilão: 29 de agosto, quando nome da concessionária deve ser divulgado

A BR-381 ficou conhecida popularmente como “Rodovia da Morte” devido aos inúmeros acidentes, principalmente no trecho entre Belo Horizonte e João Monlevade. Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), somente entre novembro de 2022 e outubro de 2023, foram 159 óbitos somente nos cerca de 100km de pista que separam as duas cidades.

A mudança nessa realidade é a principal expectativa de um leilão para entregar à iniciativa privada o trecho de cerca de 300 km entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. O edital já foi publicado e um leilão foi marcado para o dia 29 de agosto, na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. Nesta data, governantes e motoristas que utilizam o trajeto esperam poder conhecer o nome da empresa que irá tocar as obras de melhoria na BR-381.

A concessionária vai ficar responsável em administrar a pista por um período de 30 anos, realizar um pacote de melhorias e proporcionar mais segurança aos motoristas.

A assistente social Renata Gonçalves Dutra utiliza, com frequência, trecho da BR-381

É melhor pagar. Para mim, que faço esse trajeto até Padre Paraíso, eu prefiro
Renata Gonçalves Dutra, assistente social

Carreteiro, Mauro Rodrigues, espera melhoria nas pistas após a concessão

Além de ter o pedágio, as pistas ficam melhor e o serviço anda
Mauro Rodrigues, carreteiro

O agente de viagens João Batista de Souza

Cada vez que faz esse tipo de trabalho na BR é para melhorias. Então, creio que vai melhorar bastante
João Batista de Souza, agente de viagens

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BR-381: o que prevê o edital?

Entre as obras previstas no edital está a conclusão da duplicação de 27 quilômetros e o início dos trabalhos de duplicação em mais 90 quilômetros. A concessionária deve realizar também a implantação de faixas adicionais e vias marginais, além de construir 20 passarelas.

“Essa concessão é fundamental para o país todo e muito mais para essa região, do Vale do Aço. Com essa concessão, nós vamos atrair R$ 10 bilhões de investimento direto e, aí sim, oferecer uma infraestrutura que vai ajudar e não frear, como faz hoje, o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida das pessoas”, garante o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL).

Trecho da BR-381, entre Belo Horizonte e João Monlevade

Edital passou por mudanças para atrair empresas

Em 2023, a pasta comandada pelo ministro publicou um edital para a concessão do trecho da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, mas nenhuma empresa se interessou. Porém, o diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Guilherme Sampaio, destacou à Itatiaia que algumas mudanças foram feitas no edital.

“Foram feitas melhorias nesse projeto em si, que vai trazer mais atratividade, corrigindo o que não foi o êxito do leilão passado. O que quer dizer isso? Taxa maior de retorno, que vai trazer ao privado maior interesse, a possibilidade, também, de correção dos riscos geológicos, que é o ponto sensível que tem na região e outras correções de traçado, que vai trazer um projeto condizente com a realidade”, explica.

O edital foi publicado pelo Ministério dos Transportes no mês passado e teve como uma das principais alterações a retirada de um trecho que prevê milhares de desapropriações, entre Belo Horizonte e Caeté, na região metropolitana — que, a partir de agora, ficará à cargo do governo federal.

“Esse trecho é um dos mais complexos do Brasil em termos de ocupação desordenada, inclusive. Depois, temos outra complexidade que é topográfica. O primeiro trecho afugentou todos os interessados”, diz o professor de Logística, Transporte e Planejamento da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende.

O governo federal já publicou o edital que compreende o trecho entre Caeté e Ravena, em Sabará, também na região metropolitana, para a contratação. O valor estimado para o trabalho está na casa dos R$ 400 milhões. O edital, no entanto, não contempla o trecho mais próximo a Belo Horizonte, onde as desapropriações às margens da BR-381 são consideradas mais complexas e caras. Na região, cerca de duas mil famílias vivem em ocupações como na Vila da Luz, na capital, e no Bom Destino, em Santa Luzia, e devem ser desapropriadas para permitir a duplicação da pista.

Este é o caso da dona de casa Walkiria da Silva, que mora há mais de cinco anos em condição precária na Vila da Luz.

Eu preciso estar em um lugar seguro. Aqui não é seguro para ninguém. Eu não tenho lugar para ir
Walkíria da Silva, dona de casa

Walkíria da Silva mora há cinco anos na Vila da Luz, às margens da BR-381


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Apaixonado por rádio, sou um bom mineiro que gosta de uma boa conversa e de boas histórias. Além de acompanhar a movimentação do trânsito, atuo também na cobertura de vários assuntos na Itatiaia. Sou apresentador do programa ‘Chamada Geral’ na Itatiaia Ouro Preto.