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Projeto com taxação de compras de até US$ 50 chega ao Senado com outros jabutis aprovados pela Câmara

Uma das emendas incluídas altera a política de conteúdo local para exploração e produção de petróleo e gás natural do Brasil; setor reagiu mal à proposta

Projeto de Lei (PL) que institui o Programa Mobilidade Verde foi aprovado na Câmara dos Deputados repleto de jabutis

A versão do Projeto de Lei (PL) para criar o Programa Mobilidade Verde (Mover) com incentivos à indústria automotiva que chegou ao Senado Federal nessa quarta-feira (29) inclui três jabutis — temas sem relação com a o assunto principal — aprovados às pressas na Câmara dos Deputados, na última terça-feira (28).

Essas mudanças, aliás, são a principal justificativa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pelo adiamento da votação da proposta; os senadores querem discutir os conteúdos incluídos de última hora pelos deputados.

Originalmente, o projeto de lei apenas cria o Mover, uma política pública instituída pelo Ministério da Indústria para incentivar montadoras e fabricantes de autopeças a investir em tecnologias sustentáveis e produção tecnológica no Brasil. Entretanto, o relator da proposta na Câmara, deputado Átila Lira (PP-PI), incluiu no texto um primeiro jabuti.

A emenda acrescentada por ele previa a taxação das compras internacionais de até US$ 50, hoje isentas pela Receita Federal por meio do programa Remessa Conforme. O trecho foi alvo de divergências e discussão entre parlamentares e chegou a ser publicamente criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entretanto, os grupos chegaram a um acordo na última terça-feira e a emenda foi aprovada com perspectiva de taxação dessas plataformas com alíquota de 20%.

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Entretanto, em meio à discussão no plenário, que ocorreu na terça à noite após uma longa sessão do Congresso, os deputados aprovaram ainda outras três emendas.

A primeira delas, também a principal e mais polêmica, é de autoria do deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) e determina uma política de conteúdo local para exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil. Significa que o país, se aprovada a emenda, exigirá por lei a contratação mínima de bens e serviços nacionais para as empresas que explorarem e produzirem petróleo no país.

Hoje, esse percentual é definido pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Entretanto, a emenda prevê um piso mínimo, que não poderá ser alterado.

Nessa quarta-feira (29), o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) criticou publicamente a decisão da Câmara dos Deputados e afirmou que a emenda pode prejudicar a competitividade no setor. “A alteração de regras sem o debate apropriado com setores envolvidos representa uma nítida deterioração do ambiente de negócios nacional para os investimentos no setor de óleo e gás”, argumentou em nota.

Incentivo para bicicletas. Outra emenda incluída no texto que chegou ao Senado Federal prevê incentivos tributários para fabricação de bicicletas e bicicletas elétricas. O autor, deputado Jilmar Tatto (PT-SP), justificou que a emenda encontra respaldo no arcabouço da proposta de lei.

Reciclagem de baterias. Os deputados também aprovaram uma emenda do deputado Vitor Lippi (PSDB-SP) autorizando a importação de resíduos sólidos perigosos para reciclagem; a principal sugestão é reciclar baterias usadas em veículos elétricos para baratear o custo.


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Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.