O júri popular do ex-policial penal Jorge Guaranho, réu pelo assassinato de Marcelo Arruda (guarda municipal e tesoureiro do PT), foi suspenso na manhã desta quinta-feira (4) após a defesa dele abandonar o julgamento por não ter tido pedidos aceitos. Os advogados apontam cerceamento de defesa.
Marcelo Arruda comemorava aniversário de 50 anos em Foz do Iguaçu com uma festa cujo tema fazia alusão direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Partido os Trabalhadores. O crime aconteceu em julho de 2022, três meses antes das eleições. Jorge era apoiador declarado do então presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, o que teria sido o estopim para a desavença.
Inicialmente, o julgamento estava previsto para 7 de dezembro de 2023, mas foi adiado. Na época. Guaranho foi denunciado por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum. Dez testemunhas irão participar do júri. Cinco delas foram chamadas pela defesa de Guaranho e as outras cinco pelo MP. A pena pelo assassinato pode chegar a 30 anos de prisão.
O ex-policial aguardava o julgamento desde dezembro de 2022, quando a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual e Jorge se tornou réu pelo assassinato. Ele foi preso logo após receber alta do hospital, onde ficou internado após também ter sido baleado. Para os promotores, o caso teve motivação política. No entanto, a defesa nega o teor político do caso e defende que o réu agiu em legítima defesa.
Relembre
Ambos não tinham relação — Jorge sequer havia sido convidado para a festa realizada em uma área reservada na Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, como apontaram testemunhas ouvidas na época. Segundo as investigações, o ex-policial passou de carro em frente ao local do evento dizendo “aqui é Bolsonaro” e “Lula ladrão”. Guaranho e Arruda discutiram e, mais tarde, o réu voltou ao salão de festas e atirou contra o ex-tesoureiro do PT no meio da confraternização.
Mesmo ferido, Marcelo Arruda ainda atirou contra Jorge Guaranho, que chegou a ficar internado, mas depois que teve alta foi encaminhado para um presídio.
Neste ano, em fevereiro, a Advocacia-Geral da União (AGU) chegou a um acordo para pagar uma indenização de R$ 1,7 milhão à companheira e aos quatro filhos de Arruda. No mês seguinte, o Ministério da Justiça concluiu pela demissão de Jorge Guaranho do serviço público.