A criação da autoridade climática, promessa de autarquia federal que fez parte da articulação para a posse de Marina Silva como ministra do Meio Ambiente do atual Governo Lula, depende de um acordo com o Congresso Nacional.
Pelo menos essa é a avaliação da própria chefe da pasta, que conversou com a imprensa em Belo Horizonte nesta terça-feira (2), após um prêmio de sustentabilidade realizado na capital.
“Depende de uma ação do governo, que obviamente tem que superar as dificuldades que hoje temos no Congresso. O Congresso tem um entendimento que determinadas estruturas são custeio, eu acho que é investimento e que a autoridade climática vai ajudar no desafio de combater os extremos climáticos. Aqui em Minas Gerais convivemos com chuvas torrenciais e elevações de temperaturas. Tivemos agora uma situação terrível no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Vamos viver de novo um problema de estiagem na Amazônia. Então, a autoridade climática não é custeio”, afirmou Marina Silva.
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Mesmo com todos os entraves recentes para a aprovação de políticas ambientais, a ministra afirma que a relação com todas as bancadas do Legislativo preza pelo diálogo, mas os problemas ambientais têm falado mais alto.
“A nossa relação é de diálogo com todos os segmentos. O ministério do Meio Ambiente está aberto ao diálogo para todos os setores. Mas, tem uma pedagogia que está sendo mais forte, uma pedagogia dolorosa, que é a mudança do clima, os eventos extremos, mostrando prejuízo econômico e social para cada município. Essa ideia de pensar globalmente e agir localmente está correta e atualizada, mas o que está acontecendo nos municípios que têm secas e cheias, está mostrando que os problemas ambientais precisam ser nacionalizados e globalizados”, disse a ministra do Meio Ambiente.
Prêmio Hugo Werneck
Marina Silva esteve em BH para a 14ª edição do Prêmio Hugo Werneck de Meio Ambiente e Sustentabilidade, que premia iniciativas de empresas, poder público e da sociedade civil voltadas para a preservação ambiental. A ministra, aliás, esteve entre os homenageados da noite, e foi escolhida como a ambientalista do ano.
O coordenador da premiação, jornalista e ambientalista Hiram Firmino, explica que o prêmio, de abrangência nacional, é uma oportunidade de dar visibilidade às boas iniciativas realizadas país afora.
“A questão ambiental é vista sempre de uma maneira negativa. Roube no Ibama, incêndios, rios secos, só coisas negativas. Você ouve coisas ruins e aquilo entra dentro das pessoas, acabamos nem tendo noção dos danos. Mas, quando falamos do positivo, das coisas boas, é muito mais difícil. E qualquer resultado positivo precisa ser ampliado”, contou Firmino.