O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta terça-feira (26) que o adiamento da análise da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido) não prejudica o processo. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pautou o processo para sessão de hoje, mas deputados do Novo e do Republicanos pediram adiamento na análise do caso.
Segundo Lira, o processo segue o rito determinado no Regimento Interno da Casa e deve voltar à pauta da CCJ após duas sessões - o que só deve ocorrer na segunda semana de abril.
“Portanto, não há nenhum prejuízo para o processo, investigação ou qualquer tipo de coisa porque todo o tempo que transcorrer é em desfavor do réu, do parlamentar que continuará preso até que o plenário da Câmara se posicione em votação aberta”, disse em entrevista coletiva na Câmara dos Deputados no fim da tarde desta terça.
Lira não respondeu a perguntas dos jornalistas, mas classificou o caso como “sensível”.
"É um caso difícil, sensível, para todos nós. Todos tratam esse assunto com o máximo cuidado, pela repercussão que sempre teve. É complexo, é grande”, afirmou.
Durante sessão da CCJ, deputados afirmaram que não tiveram tempo para ler os documentos enviados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão de Chiquinho Brazão, investigado por envolvimento no assassinato da ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes.
O deputado Gilson Marques (Novo-SC), por exemplo, disse estar “pasmo” com a pressa dos deputados em ratificar a prisão do parlamentar do Rio de Janeiro, expulso do partido União Brasil após a prisão no último domingo (24).
“Estamos providenciando para todas as assessorias todo o material que foi entregue à presidência da Câmara para que todos tenham este prazo para realmente se posicionarem com todo o zelo, com todo o cuidado que o assunto requer”, ressaltou Arthur Lira.
CCJ adia análise sobre prisão de Chiquinho Brazão
A sessão da CCJ destinada a analisar a prisão decretada pelo STF ao deputado federal Chiquinho Brazão foi marcada por tumulto depois que três parlamentares apresentaram um pedido conjunto de vistas. Na prática, o adiamento atrasa a votação do caso em duas sessões. Com o feriado da Páscoa nesta semana e um acordo para que o recesso seja esticado até a próxima semana, a CCJ só deve voltar a debruçar sobre o assunto no dia 10 de abril.
O pedido de vista foi feito pelos deputados Gilson Marques (Novo-SC), Fausto Pinato (PP-SP) e Roberto Duarte (Republicanos-AC).
A sessão contou, ainda, com a participação do próprio Chiquinho Brazão, por meio de videoconferência, que se defendeu das acusações. Ele também disse que tinha "ótimo relacionamento” com Marielle, quando ambos eram vereadores no Rio de Janeiro.
“Eu, como vereador, tinha uma relação muito boa com a vereadora. É só entrar no [site] da Câmara Municipal. É só pegar e ver onde tiver as imagens, que vai identificar o que eu acabei de falar. A gente tinha um ótimo relacionamento. Só que tivemos, uma vez no debate, onde ela defendia uma área de especial interesse, que eu também defendia. (...) Gostaria que vocês pudessem analisar antes de tomar essa posição, porque parece que cresce um ódio nas pessoas, buscando, não importa quem, um culpado”, disse Chiquinho.