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Direto da prisão, Chiquinho Brazão se defende e diz que tinha ‘ótimo relacionamento’ com Marielle Franco

Deputado é apontado pela Polícia Federal como um dos mandantes do assassinato da vereadora, em 2018

O deputado Chiquinho Brazão

Ao se defender da acusação de ser mandante do crime, o deputado federal Chiquinho Brazão (RJ) disse que tinha “ótimo relacionamento” com a vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada em março de 2018, no Rio de Janeiro — em episódio que também vitimou o motorista Anderson Gomes. A declaração foi dada durante um momento de defesa do parlamentar na sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados onde é analisado o relatório sobre o pedido de manutenção da prisão do parlamentar.

“Eu, como vereador, tinha uma relação muito boa com a vereadora. É só entrar no [site] da Câmara Municipal. É só pegar e ver onde tiver as imagens, que vai identificar o que eu acabei de falar. A gente tinha um ótimo relacionamento. Só que tivemos, uma vez no debate, onde ela defendia uma área de especial interesse, que eu também defendia. (...) Gostaria que vocês pudessem analisar antes de tomar essa posição, porque parece que cresce um ódio nas pessoas, buscando, não importa quem, um culpado”, disse Chiquinho.

A atuação de Marielle Franco pela ocupação de terrenos no Rio de Janeiro por pessoas de baixa renda seria uma das motivações para o assassinato dela a mando de Chiquinho e de Domingos Brazão, irmão do deputado e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ). Tal justificativa está presente em relatório da Polícia Federal divulgado no último domingo (24), dia em que eles, junto ao ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa, foram presos.

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Por videoconferência, o depoimento de Chiquinho aconteceu logo após a CCJ adiar a votação do relatório favorável à manutenção da prisão preventiva do deputado. “A nosso ver, resta claramente configurado o estado de flagrância do crime apontado, seja por sua natureza de permanência, seja pelo fato de que os atos de obstrução continuavam a ser praticados ao longo do tempo”, diz o parecer, assinado pelo deputado Darci de Matos (PSD-SC).

Iniciada com atraso de cerca de 1h30min, a sessão foi interrompida após pedido de vista de deputados do Partido Novo e do Republicanos. Como o pedido de vista é válido por duas sessões, a análise no plenário da Câmara só deve acontecer, em tese, na próxima semana. Ocorre que há um acordo entre parlamentares para que a semana pós-Semana Santa seja enforcada por causa da janela partidária — que se encerra em 5 de abril.

Adiamento sob protestos
O adiamento da análise aconteceu por força de pedidos de vistas de deputados do Partido Novo e do Republicanos. O deputado Gilson Marques (Novo-SC) questionou a “pressa” para votar o parecer. “Eu fico pasmo com a pressa, o afogadilho, de decidir algo tão importante. São seis anos e a gente precisa decidir em menos de um minuto. Esse é o problema. O deputado está preso. Não sei qual é a pressa para soltar ele o quanto antes, porque se for votado hoje o quanto antes, amanhã ele pode ser solto em plenário.”

“Incomoda muito ouvir deputado falar em pressa, afogadilho, quando a gente está há seis anos esperando Justiça por Marielle Franco”, disse a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS).

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É jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Cearense criado na capital federal, tem passagens pelo Poder360, Metrópoles e O Globo. Em São Paulo, foi trainee de O Estado de S. Paulo, produtor do Jornal da Record, da TV Record, e repórter da Consultor Jurídico. Está na Itatiaia desde novembro de 2023.