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‘Duas deputadas mulheres e a gente ser chamada de vagabunda?’, questiona manifestante após confusão na ALMG

Às vésperas do Dia da Mulher, imagens registradas mostram três mulheres sendo agredidas durante audiência pública na ALMG; deputadas afirmam que não houve omissão

Imagens mostram um homem exaltado nas galerias da ALMG

Três funcionárias da Fiemg registraram boletim de ocorrência por crimes como calúnia e difamação após serem ofendidas verbalmente com palavras de baixo calão por um homem durante uma audiência pública na noite da última quinta-feira (7) na Assembleia Legislativa. A reunião da Comissão de Administração Pública discutia a regulamentação de um decreto que trata de caução ambiental prevista na Política Estadual de Segurança de Barragens. A ocorrência foi registrada logo após a confusão.

As vítimas acusam as deputadas Beatriz Cerqueira (PT), que presidia os trabalhos, e a deputada Bella Gonçalves (PSOL), que estava compondo a mesa, de omissão. Segundo as vítimas, em nenhum momento, as parlamentares tomaram algum tipo de atitude para evitar que elas fossem ofendidas pelo homem.

A apuração da Itatiaia identificou o homem que aparece nas imagens ofendendo as mulheres. Trata-se de Gustavo Tostes Gazzinelli. Na internet, ele se autodenomina um defensor do meio ambiente. A Fiemg afirma que também foi proibida de ter direito à fala na audiência pública e também disse que as deputadas não agiram para defender as funcionárias da Federação.

A superintendente da Indústria da Fiemg, Erica Morreale, afirma que foi alvo de xingamentos e criticou o que ela chamou de falta de ação das deputadas.

“Estávamos ali protestando pedindo a fala e esse cidadão, de forma violenta, nos agrediu chamando-nos de palavras de baixo calão. Eu virei para ele e disse: “eu não sou vagabunda, eu sou trabalhadora e ele partiu para cima querendo me agredir fisicamente, a mim e mais duas colegas. No entanto, o que mais me agrediu, fui eu, teoricamente representada por duas deputadas mulheres, em véspera do Dia das Mulheres, a omissão. Elas que se dizem defensoras das pautas das mulheres, em momento algum pediram que parassem com aquela violência”

A gerente de Comunicação interna da Fiemg, Edith Muls, diz que ficou traumatizada após ter sido ofendida.

“Eu estava ali porque eu acredito uma causa, em um propósito de vida para mim. Aqui na minha empresa eu sou respeitada e eu pensava que lá eu também seria. Na assembleia, com duas deputadas mulheres presidindo uma mesa e a gente ser chamada de vagabunda?”

Apontado pelas mulheres como responsável pelas agressões verbais, o ambientalista Gustavo Tostes Gazzinelli foi localizado pela Itatiaia. Por telefone, o ambientalista disse que ficou incomodado com a gritaria dos manifestantes, atrapalhando o andamento da audiência pública. No entanto, ele reconheceu que perdeu a cabeça e não deveria ter agido daquela forma ao proferir os xingamentos. Gazzinelli disse que está arrependido do que fez e ressaltou que irá pedir desculpas as três funcionárias da Fiemg na primeira oportunidade possível.

Também por meio de nota, a deputada Beatriz Cerqueira, que presidia a sessão no momento da confusão, negou ter sido omissa no caso. Apesar do homem estar nas galerias gritando com as mulheres, como mostram as imagens, a deputada afirmou que não ficou sabendo de nenhum tipo de agressão durante audiência pública.

A deputada Bella Gonçalves também negou ter sido omissa e ressaltou que não ouviu as mulheres sendo vítimas das ofensas verbais.

O que diz a Fiemg

Neste Dia Internacional da Mulher, a FIEMG reafirma seu compromisso com a igualdade de gênero e reconhece que o lugar da mulher é onde ela quiser, inclusive na linha de frente da defesa do setor produtivo. É com pesar que observamos incidentes recentes de violência contra mulheres, como o ocorrido durante uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (7/03). Na ocasião, a FIEMG foi impedida pela presidente da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT), de dar sua contribuição na Comissão de Administração Pública da ALMG, por meio de dois técnicos especialistas da entidade, na regulamentação do Decreto n° 48.747, de 29/12/2023, que trata da caução ambiental prevista na Política Estadual de Segurança de Barragens. Três empregadas da FIEMG, ao exercerem seu direito de manifestação, foram agredidas verbalmente por uma pessoa presente nas galerias. Vale ressaltar que, em momento algum, as deputadas Beatriz Cerqueira (PT) e Bella Gonçalves (PSOL) que estavam compondo a mesa, se manifestaram contrárias às agressões sofridas às empregadas da FIEMG. Repudiamos veementemente esse tipo de comportamento e reafirmamos nosso compromisso em promover um ambiente seguro e respeitoso para todas as mulheres. Entendemos que, embora possamos ter divergências em relação a diferentes pautas e temas, é fundamental que a gente se una com solidariedade em questões e causas que todas consideramos importantes. Devemos ser capazes de expressar nossas opiniões sem medo de represálias ou violência. Nenhuma mulher deve ser silenciada ou desrespeitada por exercer seu direito à liberdade de expressão.

Confira a nota da deputada Beatriz Cerqueira

As afirmações da Fiemg não procedem. Todas as pessoas que foram à Assembleia mobilizadas pela Federação tiveram acesso às dependências da Assembleia Legislativa para acompanharem a audiência.
Nenhum representante da Fiemg procurou a deputada manifestando interesse na referida audiência. Na dinâmica de uma Audiência Pública, após os convidados falarem, as pessoas presentes também podem falar. Quando o último convidado terminou a fala, não tinha ninguém da Fiemg no espaço para que tivesse acesso à fala. No início da audiência várias pessoas (mobilizadas pela Fiemg) causaram tumulto, gritando e tentando impedir a realização da audiência.
A mobilização feita pela Fiemg foi agressiva e tentou tumultuar a audiência pública. Durante a fala da deputada gritaram tentando impedir a condução da audiência. Foi isso que a Fiemg protagonizou na Assembleia Legislativa. Em nenhum momento foi informado à mesa que conduzia os trabalhos da Comissão de Administração Pública agressão entre as pessoas que estavam acompanhando a Audiência Pública.
Acusação falsa. Só poderia ter omissão se as deputadas tivessem tido ciência do fato e diante disso não terem feito nada. A Fiemg provocou tumulto, interrompeu convidado com gritos. E nenhum fato de agressão entre as pessoas que acompanhavam a audiência foi relatado à mesa que conduziu os trabalhos durante toda a audiência.

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Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.