O governo de Israel determinou que o presidente Lula seja tratado como uma “persona non grata”. Na diplomacia, o título significa que agora Lula passa a ser tratado como uma pessoa indesejável. A reação de Israel acontece após a declaração feita pelo presidente brasileiro no domingo (18), comparando a ofensiva do país contra o povo palestino com o que Hitler fez com o judeus, no holocausto. Lula também usou o termo ‘genocídio’ para definir os ataques israelenses contra a Faixa de Gaza.
Nesta segunda-feira (19), após forte repercussão mundial da decleração, Israel Katz, ministro das relações exteriores do país, disse que a guerra de Israel contra o Hamas é justa, e as ações de Hitler e dos nazistas, que exterminaram 6 milhões de judeus, é um grave ataque antissemita que profana a memória daqueles que morreram no Holocausto.
“Não perdoaremos e não esqueceremos - em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao Presidente Lula que ele é uma ‘persona non grata’ em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras”, determinou.
זימנתי הבוקר את שגריר ברזיל בישראל ליד ושם, המקום שמעיד יותר מכל על מה שעשו הנאצים והיטלר ליהודים, בהם בני משפחתי.
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) February 19, 2024
ההשוואה של נשיא ברזיל לולה @LulaOficial בין המלחמה הצודקת של ישראל בחמאס, לבין מעשיהם של היטלר והנאצים, שהשמידו 6 מיליון יהודים, היא התקפה אנטישמית חמורה שמחללת את… pic.twitter.com/QErDw4tElb
Ainda nesta segunda-feira, o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, deve se apresentar ao governo de Israel para prestar esclarecimentos, num sinal de descontentamento. Ontem, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu também já havia mostrado descontentamento com a fala de Lula.
“A gente muitas vezes fala sobre a história do anti-semitismo, e dizemos como essas mentiras levantadas contra o povo judeu, essas falsificações extraordinárias, esses ataques verbais podem ser acreditados por tantas pessoas? Mas é exatamente isso o que aconteceu hoje”, reclamou Netanyahu.
Em nota emitida na noite de domingo, o Palácio do Planalto reafirmou que o presidente Lula condena igualmente os ataques terroristas promovidos pelo Hamas, e que ‘se opõem a uma reação desproporcional e ao sofrimento de mulheres e crianças na Faixa de Gaza’, finalizou a nota.
Lula compara ataques em Gaza ao Holocausto
A declaração de Lula foi dada no último dia de agenda do presidente na Etiópia. Ele foi questionado sobre o assunto em uma coletiva de imprensa.
“Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente na ocasião.
A viagem de Lula à África foi marcada por uma série de declarações fortes sobre o conflito no Oriente Médio. Ao lado do presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, o presidente defendeu um cessar-fogo no conflito e disse que o governo brasileiro faria aportes na agência da ONU para Refugiados da Palestina após países ricos cortarem o financiamento da organização.
Lula também condenou Israel por estar “matando mulheres e crianças” e também criticou o papel da ONU no conflito ao defender, novamente uma reforma no Conselho de Segurança.
Oficialmente, a posição brasileira sobre o conflito na Faixa de Gaza inclui a defesa de um cessar-fogo imediato e a libertação, por parte do Hamas, dos reféns que foram sequestrados em outubro, em Israel. O governo brasileiro entende que a única solução possível na região é a criação de um estado palestino.
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