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Oposição pressiona STF por retirada de Moraes de inquéritos sobre tentativa de golpe de Estado

Senadores reagiram à operação da Polícia Federal, que mirou Bolsonaro e aliados nesta quinta (8)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal

Lideranças de oposição no Congresso Nacional retaliaram, nesta quinta-feira (8), a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que permitiu operação da Polícia Federal (PL) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados em inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado no Brasil. Em declaração à imprensa, parlamentares pressionaram o STF pela retirada de Moraes dos inquéritos ligados ao suposto golpe tentado e sustentaram que o Partido Liberal é alvo de perseguição.

Vice-líder da oposição, Magno Malta (PL-ES) pediu que os ministros da Suprema Corte retirem Moraes dos inquéritos que abordam atos antidemocráticos e a tentativa de golpe investigada pela Polícia Federal. “Toda narrativa é para chegar em Bolsonaro. Esse é o alvo. O ministro Alexandre de Moraes era supostamente alvo, ele seria morto e crucificado em um golpe… Então, ele está impedido. Ele precisa sair desse processo. E aí eu apelo para os ministros do Supremo: vocês precisam se reunir e julgá-lo impedido”, afirmou.

O líder do PL no Senado acrescentou que nunca houve golpe em curso no Brasil. “O presidente Bolsonaro nunca autorizou nenhum golpe. E nunca nenhum golpe houve. O problema é querer construir narrativa em cima de fragmentos para sustentar o que não houve… Não houve execução, não houve golpe, não houve autorização do presidente Bolsonaro para nenhum ato nesse sentido”, declarou.

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A oposição também adotou a posição de que há uma espécie de conluio entre o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal para enfraquecer o Partido Liberal, segundo declarou Jorge Seif (PL-SC). “É claríssima a espetacularização e o uso da Justiça. Não tenho dúvida de que esse consórcio Executivo e Judiciário é para enfraquecer a democracia, destruir o PL e desmobilizar a nossa força opositora”, afirmou.

À imprensa, os senadores de oposição também responderam à nota do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, que, no início da tarde, classificou a tentativa de golpe investigada pela PF como uma “ação insensata encabeçada por uma minoria irresponsável”.

Rogerio Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, afirmou que Pacheco precisa entender o próprio papel. “Quanto à nota do presidente Pacheco, é importante que ele entenda, e acho que ele entende, que o papel dele é ser presidente do Congresso Nacional, defender a harmonia entre os poderes, a separação…”, declarou. Portinho completou: “O presidente Pacheco deve saber se impor nesse momento para manter as prerrogativas parlamentares”.

Aliados próximos de Bolsonaro são investigados por tentativa de golpe de Estado

A operação da Polícia Federal nesta quinta-feira (8) mira aliados próximos de Jair Bolsonaro, reunidos em uma organização criminosa — segundo classifica a própria investigação — que teria articulado um golpe de Estado para evitar que o poder deixasse as mãos do então presidente. Entre os alvos da operação estão Valdemar da Costa Neto, que é presidente do PL, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, general Augusto Heleno, à época ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e Anderson Torres, que chefiou o Ministério da Justiça. A ofensiva da PF também mira:

  • Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Marcelo Câmara;
  • Ex-assessor de assuntos internacionais de Bolsonaro, Filipe Martins;
  • Candidato à vice-presidência na chapa de Bolsonaro, general Walter Braga Netto;
  • Ex-comandante-geral da Marinha, Almir Garnier Santos;
  • Ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, general Stevan Teófilo Gaspar de Oliveira;
  • Ex-assessor de Bolsonaro, Tércio Arnaud Thomaz;

Trinta e três mandados de busca e apreensão são cumpridos pela Polícia Federal, além de quatro mandados de prisão e 48 medidas cautelares. Todas as ações estão autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou, inclusive, o recolhimento do passaporte de Bolsonaro.

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Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.