Vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro é o principal alvo de uma operação da Polícia Federal (PF), nesta segunda-feira (29), que investiga espionagem ilegal praticada por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do então diretor Alexandre Ramagem — hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro — e no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Filho do ex-presidente e irmão do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carlos aparece também na investigação sobre o gabinete do ódio. Em delação premiada à PF, o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, teria indicado que Carlos Bolsonaro era o responsável por indicar mensagens antidemocráticas que deveriam ser divulgadas nas redes sociais.
O filho de Jair Bolsonaro é, aliás, o responsável pela estratégia de comunicação do pai e chefia as redes do político há, pelo menos, seis anos — antes mesmo do pai ser eleito presidente da República.
Bebianno. Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, afirmou em entrevista ao programa Roda Viva, em março de 2020, que Carlos Bolsonaro estava interessado em arquitetar uma Abin paralela — foi, aliás, a primeira vez que o termo apareceu. “Um belo dia, o Carlos me aparece com o nome de um delegado federal e de três agentes que seriam uma Abin paralela, porque ele não confiava na Abin. O general Heleno [ministro do Gabinete de Segurança Institucional, GSI, de Jair Bolsonaro] foi chamado, ficou preocupado com aquilo. Mas, o general Heleno não é de confronto. A conversa acabou comigo e com o Santos Cruz [à época ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro]. Aconselhamos ao presidente que não fizesse aquilo. Aquilo também seria motivo para impeachment. Depois eu saí. Não sei se foi instalado ou não”, disse Bebianno.
Abin paralela: o que a Polícia Federal está investigando?
A Polícia Federal investiga servidores da Abin e aliados a eles por uso irregular da máquina pública para espionar ilegalmente adversários políticos, autoridades e advogados. A investigação, segundo relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), detectou que a Abin foi usada para municiar os filhos de Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Renan Bolsonaro, com informações para refutar ações da Polícia Federal.
A espionagem ilegal acontecia pelo uso de um programa israelense, FirstMile, capaz de monitorar a localização de celulares e outros dispositivos móveis. Os servidores usavam o software para seguir o paradeiro de políticos e autoridades sem permissão da Justiça.
Na semana passada, a Polícia Federal realizou operação que teve como alvo o deputado federal Delegado Ramagem. Alexandre Ramagem dirigiu a Abin no período em que instalou o estratagema para espionagem ilegal, segundo indica o inquérito.
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