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Lula volta à Abreu e Lima 19 anos após início do projeto, injetando US$ 17 bi e prometendo 30 mil empregos

Conclusão das obras na refinaria em Pernambuco pode quase triplicar a capacidade de produção, prevê Petrobras

Setembro de 2005. Presidentes Hugo Chávez e Lula na cerimônia de lançamento do programa para construção da refinaria Abreu e Lima

A ida de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, marca o reencontro do presidente com o projeto que plantou no terceiro ano de seu primeiro mandato e que dez anos depois, em 2015, se converteria em uma das peças-centrais do escândalo de corrupção revelado pela Lava Jato. Agora, nove anos após a paralisação das obras e em meio a especulações sobre a negociação da refinaria nos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), o presidente Lula — 19 anos mais velho do que quando assinou o contrato em 2005 — injetará um investimento de US$ 17 bilhões para concluir as obras da Abreu e Lima. A ampliação da refinaria consta no pacote de obras do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado por Lula no ano passado.

A expectativa da Petrobras é que a produção da refinaria quase triplique até 2028, quando as obras devem ser concluídas, pulando da capacidade de refinamento diário atual de 100 mil barris para 260 mil. “A gente espera um pico de atividades em 2025, e a gente estima uma geração de empregos diretos de 10 mil empregos, totalizando em 30 mil empregos os diretos e indiretos”, declarou a gerente-executiva de Projetos de Desenvolvimento da Produção da Petrobras, Mariana Cavassin, em entrevista nessa quarta-feira (17), véspera da ida de Lula à refinaria. Nesta quinta (18), o petista participa de uma cerimônia para retomada das obras paralisadas desde 2015.

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Um encontro com o presidente da Venezuela, à época Hugo Chávez, selou o início das obras da refinaria Abreu e Lima — refinaria do Nordeste, como é nomeada pela Petrobras — em Ipojuca. A construção nasceu de um acordo entre o Brasil e a PDVSA, estatal da Venezuela que responderia por 40% da refinaria. Entretanto, o acordo firmado em 2005 nunca saiu do papel, e coube à Petrobras a responsabilidade integral pela construção.

As operações da refinaria começaram apenas nove anos depois, em 2014, com o primeiro conjunto de unidades (Trem I). No ano seguinte, 2015, as operações foram paralisadas com o escândalo da operação Lava Jato. À época da sentença sobre o caso, o então juiz federal Sergio Moro — hoje senador pelo União Brasil — afirmou que o presidente Lula recebeu vantagens indevidas da OAS, empreiteira que participou do consórcio de construção da refinaria, contratado pela Petrobras. A decisão em relação a Lula, entretanto, foi anulada depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou Moro parcial.

Após o escândalo e com a paralisação das obras, os governos que sucederam a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) se propuseram a negociar a refinaria, e Jair Bolsonaro até autorizou a retomada das obras para concluir o projeto e aumentar o valor de venda. Entretanto, com a troca no governo, Lula optou por manter a refinaria que será incluída no programa de transição energética brasileiro.

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Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.