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Bancada do agro quer anulação de três questões do Enem e convocação do ministro da Educação

A Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) requer ainda que o Ministério da Educação preste informações sobre a banca organizadora do Enem

Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), presidida pelo deputado Pedro Lupion

A Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) teceu críticas ao conteúdo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aplicado neste domingo (5) e, em nota publicada nesta segunda-feira (6), pede a anulação de três questões que citam o agronegócio brasileiro e a aprovação de um requerimento para convocar o ministro da Educação, Camilo Santana. O grupo presidido pelo deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) exige o comparecimento do ministro em ‘audiências na Câmara dos Deputados e no Senado Federal’ e solicita que o Ministério da Educação (MEC) preste informações sobre a banca organizadora da prova e as referências bibliográficas usadas para elaborar as questões.

As três questões contidas no Enem suscitaram reações negativas do setor ruralista brasileiro. Nas perguntas citadas são apresentados uma charge e trechos de três artigos científicos; um deles critica abertamente o agronegócio. “De um lado, o capital impõe os conhecimentos biotecnológicos como mecanismo de universalização de práticas agrícolas e de novas tecnologias, e de outro, o modelo capitalista subordina homens e mulheres à lógica do mercado. Assim, as águas, as semanas, os minerais, as terras (bens comuns) tornam-se propriedade privada”, consta em um dos excertos. Outro descreve que o avanço do desmatamento da Amazônia está atrelado à expansão da soja.

Na nota crítica às questões do Enem, a FPA sustenta que as perguntas são ‘mal formuladas e de comprovação unicamente ideológica’. A bancada ruralista também afirma aguardar ‘posicionamento urgente do governo federal brasileiro sobre as questões de cunho ideológico e sem critério científico ou acadêmico’.

Procurado, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) afirmou, nesta segunda-feira, que as questões ‘são elaboradas por professores independentes, selecionados por meio de edital de chamada pública’ e indicou que não interfere nas ‘ações dos colaboradores selecionados’. Nesse domingo (5), antes do início da prova, o ministro Camilo Santana concedeu entrevista coletiva sobre o Enem. Na ocasião, ele afirmou que não houve e não haverá interferência do MEC na elaboração da prova.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.