O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, será ouvido na próxima quarta-feira (25) em reunião secreta da Comissão Mista de Atividades de Inteligência (CCAI), que reúne senadores e deputados no Congresso Nacional. Convidado, ele confirmou presença e deve prestar esclarecimentos sobre a operação da Polícia Federal (PF) que levou às
Corrêa não era o diretor da Abin no período investigado pela Polícia Federal, que se debruçou sobre a suspeita de espionagem de adversários políticos do governo de Jair Bolsonaro (PL) a partir de um programa espião adquirido pela agência. À época, o órgão era comandado pelo deputado federal Alexandre Ramagem (PL), que, é um dos membros da CCAI.
Em nota publicada nessa sexta-feira (20) após a operação da PF, a comissão repudiou ‘a utilização do aparato de inteligência do Estado brasileiro para fins privados, políticos ou ideológicos’. O documento é assinado pelo deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), que preside a comissão. Ele sustenta que acompanhará o caso para ‘coibir abusos e desvirtuamentos’ do Sistema Brasileiro de Inteligência.
Operação Última Milha
Nessa sexta-feira, a Polícia Federal prendeu dois servidores da Abin, que acabaram demitidos, e cumpriu 25 mandados de busca e apreensão em quatro estados — São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Goiás — e no Distrito Federal. Após a ação, cinco funcionários da agência acabaram afastados.
Entre os alvos da busca e apreensão está
A aquisição do programa ocorreu durante o governo de Michel Temer (MDB) após o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Entretanto, segundo a ação da PF, os usos indiscriminados e ilegais do programa ocorreram à época em que o diretor da Agência era Alexandre Ramagem, aliado do governo Jair Bolsonaro (PL), e hoje deputado federal eleito pelo Partido Liberal.
A investigação atestou que agentes da Abin operaram o sistema de geolocalização de dispositivos móveis para monitorar adversários do ex-presidente Bolsonaro sem permissão do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os alvos desse software de espionagem estão
Segundo a Polícia Federal, cerca de dez mil aparelhos celulares podem ter sido monitorados ilegalmente. O FirstMile permite o rastreamento dos dispositivos móveis a partir da transferência de dados do telefone para torres de telecomunicações.