A entrada da empresa BHLeste para ingressar no consórcio de mesmo nome que opera o sistema de transporte público de Belo Horizonte teve um voto contrário: da empresa Coletivos Boa Vista. A BHLeste assumiu o lugar da Viação Torres - uma das campeãs de reclamações de usuários -, mas ainda
Em depoimento à CPI dos Ônibus sem Qualidade, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, o sócio da Coletivos Boa Vista, José Brás, disse que o voto contrário foi por falta de documentação.
“Nós votamos contra porque, na hora da reunião, questionamos a documentação da BHLeste e nos foi informado que já havia sido conferida pelo Jurídico do consórcio. Eu me senti no direito de ver a documentação. Eu falei: ‘já que não está disponível, eu voto contra’. No meu entendimento, primeiro, a prefeitura deveria dar anuência para depois modificar o consórcio”, afirmou aos vereadores.
A prefeitura não deu anuência e o pedido da BHLeste foi rejeitada pela Superintendência de Mobilidade Urbana (Sumob). Mesmo com estas negativas, e voto contrário, José Brás acabou confessando que vendeu 12 ônibus para a empresa durante renovação de frota.
“Eu não discordei da entrada da BHLeste, eu discordei da falta de apresentação de documentação. Só queria ter acesso à documentação”, disse.
A CPI também ouviu o administrador da Transfácil, Ralisom Guimarães de Andrade. A empresa é a responsável pelo gerenciamento das passagens pagas, cálculo e distribuição do subsídio para as empresas de ônibus.
Respondendo aos questionamentos da vereadora Fernanda Altoé (Novo), a comissão encontrou uma divergência. A dúvida era saber por que os proprietários dos ônibus suplementares estavam devolvendo parte do dinheiro recebido por um adiantamento de créditos durante a pandemia. Em 2020, a prefeitura fez uma compra antecipada de R$ 220 milhões em vale-transporte para servidores públicos, como espécie de socorro às empresas que enfrentaram, de uma hora para outra, queda no número de passageiros devido às restrições de circulação.
Vereadores denunciaram que apenas os suplementares devolvem o dinheiro, mas os convencionais, não.
“A questão é a seguinte: o Transfácil comercializa os créditos. A forma como foi determinado a ser devolvido foi através da compra de créditos eletrônicos que a prefeitura faz. Ela está deixando de pagar porque já pagou anteriormente e está sendo descontado. O suplementar não faz a venda, não faz a comercialização. Tanto a Transfácil como o suplementar receberam adiantamento, tem que devolver”, explicou.
Ele afirmou ainda que as empresas dos ônibus convencionais estão, sim, devolvendo o adiantamento ao deixarem de receber novos repasses da prefeitura que já foram pagos de forma antecipada.