Ouvindo...

Base de Zema acolhe pedido da oposição em projeto que aumenta ICMS

Deputados de oposição querem ‘carimbar’ 10% da arrecadação do imposto adicional para o Fundo Estadual de Assistência Social

Oposição e base governista se entenderam para ‘carimbar’ parte da arrecadação

Relator do projeto de lei que aumenta a alíquota do ICMS para produtos considerados “supérfluos”, o deputado estadual João Magalhães (MDB) - líder do governo Zema na Assembleia Legislativa - acatou um pedido dos deputados da oposição durante longo debate na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) na noite desta terça-feira (26).

O projeto do ICMS foi aprovado, em primeiro turno, no plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) por 33 votos a favor e 23 contrários. Nada menos do que 20 deputados deixaram de votar na matéria. Ainda durante a votação, o plenário rejeitou todas as emendas propostas ao projeto.

O acordo entre o líder de governo e deputados da oposição viabilizou a inclusão, no texto, da reserva de 10% da arrecadação do ICMS adicional ao Fundo Estadual de Assistência Social (FEAS). Esse montante, que deve ficar entre R$ 80 milhões e R$ 120 milhões, conforme as contas do governo estadual, deve ser “carimbado”, ou seja, não poderá ser utilizado para outra finalidade.

Com a inclusão da proposta no texto, deputados se reúnem, novamente, em reunião da FFO para validar a mudança. A sessão está marcada para começar as 9h desta quarta-feira (27). Conforme apuração da reportagem, a tendência é que o texto seja aprovado na comissão e seja colocado em votação, no plenário, de forma definitiva, na quinta-feira (28) - já que, por uma questão regimental, o texto não poderia ser levado à votação do conjunto dos deputados no mesmo dia.

A expectativa do governo é aprovar o texto, em definitivo, até o dia 30 deste mês. Caso isso aconteça, o governo Zema irá conseguir cobrar o ICMS complementar a partir de 1° de janeiro de 2024.

Líder de governo comemora e oposição vê base ‘frágil’

O líder do governo Zema, João Magalhães (MDB) comemorou a aprovação do projeto em primeiro turno e evitou falar que há uma divisão na base governista na Assembleia de Minas.

“Essa é uma matéria muito sensível, alguns deputados são candidatos a prefeito e tem dificuldade de se expor agora, mas uma maioria considerável votou a favor e vamos repetir amanhã, se Deus quiser”, disse o emedebista, se referindo à votação em plenário para o segundo turno.

Já para o líder da oposição, deputado Ulysses Gomes (PT), a votação “apertada” mostra que a base do governador no Legislativo não está consolidada.

“Esse resultado prova que o governador não tem uma base consolidada aqui, fruto de uma contradição do próprio Zema, do partido Novo, ao propor aumento de imposto. A Assembleia tem uma divergência grande, 33 deputados votaram a favor, mas 23 votaram contra e 20 não votaram. Ou seja, a maioria é contra. Temos esperança de reverter e que os que não votaram possam vir e manifestar posição contrária”, afirmou o petista.

Entenda o projeto que aumenta o ICMS em Minas Gerais

O projeto do ICMS é de autoria do governador Romeu Zema (Novo) e prevê retomar uma cobrança adicional de dois pontos percentuais na alíquota do imposto que incide sobre uma série de produtos considerados supérfluos. Entre eles estão:

  • cosméticos

  • produtos de higiene pessoal

  • smartphones

  • bebidas alcoólicas

  • refrigerantes

  • cigarros

  • armas e munições, dentre outros

O imposto adicional foi criado pelo ex-governador Antonio Anastasia (à época do PSDB), em 2011, e renovado por Fernando Pimentel, em 2015, e pelo próprio Zema quatro anos depois. O prazo para vigência da regra se encerrou em 2022 e não foi renovado pela Assembleia Legislativa à época. Por isso, o governo tenta retomar a cobrança do ICMS adicional.

Mudanças no texto

Até o momento, três alterações foram feitas no projeto original de Romeu Zema. Outra mais de 40 emendas foram rejeitadas pelos deputados.

Ração animal

Após pressão de grupos da sociedade civil e de parlamentares, o governo Zema recuou e decidiu retirar, da lista de produtos supérfluos, a ração para animais domésticos. Com isso, o item continua com alíquota de 18% - pelo projeto original, o tributo iria a 20%.

Prazo determinado

Outra mudança assumida pelo governo Zema foi incluir um prazo de vigência para a retomada do aumento do ICMS. Pela proposta original, a elevação do imposto seria por tempo indeterminado. Agora, ele vence no dia 31 de dezembro de 2026.

Dinheiro carimbado para o FEAS

Por fim, a terceira mudança foi acordada com a oposição ao governo e destinará 10% do recurso arrecadado para o Fundo Estadual de Assistência Social (FEAS).

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.
Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.