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Promotor do MP critica estratégia da Vale para julgamento de Brumadinho: ‘justiça boa é justiça rápida’

Carlos Eduardo Ferreira Pinto diz que Vale tentou ganhar tempo e tentar absolvição na Justiça Federal

Carlos Eduardo Ferreira Pinto participou de debate sobre crimes ambientais no Ministério Público

Promotor do Ministério Público afirma que advogados da Vale pretendiam ganhar tempo ao pedir transferência do processo da Justiça de Minas para a Justiça Federal no julgamento dos crimes cometidos durante o rompimento da barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019.

A declaração foi dada em uma entrevista exclusiva concedida à Itatiaia pelo promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente.

Para ele, é irrelevante o foro onde a questão será discutida, mas que a justiça deve ser feita de forma rápida.

“Eu vejo que essa questão de se discutir qual é a Justiça melhor é irrelevante. O que importa é que ela seja rápida e traga punição. Então, se é na estadual ou federal, o importante é que aqueles jurados possam decidir acerca dos crimes ali imputados”, afirmou.

De acordo com ele, a defesa das empresas tentou “empurrar” o caso para a Justiça Federal para que a chance de absolvição fosse maior.

“O que me parece é que a estratégia da defesa foi baseada na premissa de que, na Justiça Federal, seria mais fácil de ela ser absolvida. Foi baseado na premissa de ganhar tempo e protelar definições importante para esse processo. O que a gente luta, agora, é que ela seja a mais rápida possível. Justiça boa é justiça rápida, que traga para a sociedade o sentimento de que, na impossibilidade de se trazer os entes queridos de volta, pelo menos houve Justiça e aqueles criminosos foram punidos”, avalia.

Mariana

O promotor foi o mediador de uma palestra sobre crimes ambientais e questões climáticas que ocorreu ontem na sede do Ministério Público de Minas Gerais. A Itatiaia perguntou ao promotor se a ação bilionária movida pelos atingidos em na Inglaterra pode esvaziar o novo acordo de repactuação de Mariana, sobre a tragédia acontecida em novembro de 2015.

“Eu acho que o sistema de Justiça como funciona hoje no Brasil, essa repactuação trará se não a Justiça total, avanços no que foi pactuado e eu confio na Justiça brasileira”, afirma.

Procurada pela Itatiaia para comentar as declarações do promotor, até o fechamento desta reportagem, a Vale ainda não se pronunciou.

Juntos, os rompimentos das barragens da Samarco, em Mariana, e da Vale, em Brumadinho, mataram 289 pessoas. Em nenhum dos dois casos, ocorreu julgamento dos apontados pela Polícia e pelo Ministério Público como responsáveis pelos colapsos. Até hoje, ninguém foi preso.

Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.