Contente com a inclusão de demandas de Belo Horizonte no pacote de obras previstos na terceira edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tocado pelo governo federal, o prefeito Fuad Noman (PSD) quer, agora, a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à capital federal. Nas palavras dele, a presença de Lula na cidade seria importante para “abençoar” as intervenções em viadutos do Anel Rodoviário, que devem custar, ao todo, cerca de R$ 1,5 bilhão em recursos da União.
Nessa sexta-feira (18), ao anunciar as oito obras nos viadutos do Anel, entre alargamentos e construções de novas alças, Fuad afirmou que a relação com o governo Lula é “muito boa” e fez críticas à interlocução com a equipe do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Houve tempo, ainda, para afagos mútuos entre ele e o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), que participou da solenidade de detalhamento da etapa belo-horizontina do PAC.
“Queria aproveitar esse momento e fazer um convite ao presidente Lula, para que possa vir a Belo Horizonte. Essa obra vai ficar marcada na história de BH. E vai ficar marcada pelas mãos do presidente que está trazendo os recursos para cá. Acho que ele precisa de vir aqui para ‘abençoar’”, disse o prefeito.
A fala de Fuad vai ao encontro de sinalizações dadas por aliados de Lula. O presidente ainda não esteve em Minas desde que tomou posse para o terceiro mandato, mas, como já mostrou a Itatiaia, há a expectativa de que o petista passe por BH entre este mês e setembro.
Nesta semana, ao passar por Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o vice-governador Geraldo Alckmin (PSB) brincou com o governador Romeu Zema (Novo) sobre a possibilidade de uma agenda de Lula em solo mineiro.
“Eu falei ao governador Zema para pôr o café no bule porque daqui a pouquinho o presidente Lula vai estar aqui”, prometeu. “O Brasil tem, incluído o Distrito Federal, 27 estados. Ele ainda não foi em todos. Mas ele virá com certeza. E Minas terá um dos maiores investimentos do PAC: R$ 171 bilhões que serão investidos no estado”, completou.
Durante o evento de divulgação dos investimentos federais em BH, Fuad falou sobre uma garantia dada por Lula a ele ainda durante a campanha eleitoral do ano passado. Durante o segundo turno, o prefeito resolveu apoiar a coalizão liderada pelo PT, a exemplo de outras lideranças do PSD mineiro, como o hoje ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o ex-chefe do poder Executivo da capital, Alexandre Kalil.
“Desde o primeiro momento em que estive com o presidente Lula, disse a ele: ‘o Anel Rodoviário é um problema’. Ele disse: ‘ainda não sou presidente e não posso prometer nada, mas, se eu ganhar, Belo Horizonte vai ser tratada com respeito e atenção’. É isso que Belo Horizonte tem recebido do governo federal”, recordou Fuad.
Ponte BH-Brasília
Desde o início do ano, Fuad tem, frequentemente, viajado a Brasília (DF). Ele esteve na capital federal, por exemplo, para tratar da destinação do terreno do desativado Aeroporto Carlos Prates, bem como para defender a inserção de reivindicações municipalistas na reforma tributária. As idas à capital federal servem, também, para encontros com ministros.
“Tudo é feito em cima de comparações. Nos quatro anos passados, do último governo, não fomos recebidos nenhuma vez por nenhum ministro. Não tivemos um centavo de recursos do governo federal. Para nada. À época das chuvas de 2020, o então presidente sobrevoou a cidade e falou que iria trazer R$ 1 bilhão para (o combate às) enchentes. Chegou em Brasília e falou: ‘(o dinheiro) não é para Minas Gerais, mas para o Sudeste’. Veio zero. É o relacionamento que tínhamos”, protestou.
O verbo “reclamar”, segundo o prefeito, não faz parte da lista de termos que podem ser usados ao tratar da relação entre o governo Lula e BH. Fuad, aliás, fala apenas em “agradecer”.
“Neste ano, já falei com seis ministros, vários secretários nacionais e, na segunda-feira, vamos receber mais dois ministros aqui. Todos os pleitos que apresentamos ao governo federal têm sido olhados e atendidos — dentro das possibilidades, claro — com muita presteza. A relação com o governo federal é muito boa. Acho que nunca tivemos uma relação tão profícua como essa que temos, atualmente, com o governo federal”.
Elogios de liderança petista
Ao ter a palavra durante o anúncio das obras no Anel Rodoviário, Reginaldo Lopes classificou Fuad como “grande surpresa”. “Sua dedicação, seriedade, compromisso, criatividade e resolutividade vão fazer muito bem aos belo-horizontinos”, elogiou.
“(Fuad) tem demonstrado ser um gestor resolutivo e criativo. Estou em meu sexto mandato de deputado federal e, de fato, essa pauta de duplicação e modernização do Anel Rodoviário é recorrente. Pela primeira vez, com essa criatividade e capacidade resolutiva do prefeito, acho que encontramos um caminho para modernizar os viadutos e resolver (as questões do Anel Rodoviário)”, completou.
Do outro lado, o prefeito citou a “ajuda fundamental” dada pelo deputado na interlocução com os ministérios e, também, no diálogo com Miriam Belchior, secretária-Executiva da Casa Civil e responsável pelo monitoramento do PAC.
Fuad, vale lembrar, ainda não definiu se será candidato à reeleição. O prefeito planeja bater o martelo a respeito de seu futuro político entre o fim deste ano e o início de 2024. O PT trabalha com a hipótese de ter candidatura própria, mas não descarta eventual apoio ao atual ocupante do cargo.