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Jair Bolsonaro: ‘sei dos riscos que corro em solo brasileiro’

Ex-presidente fez discurso em Goiânia, onde recebeu título de cidadão honorário, um dia após depoimento de hacker e de quebra de sigilo

Bolsonaro foi a Goiânia receber título de cidadão honorário

Um dia depois de ter os sigilos bancário e fiscal quebrados por uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse saber dos riscos que corre estando em “solo brasileiro”.

Envolvido em uma série de investigações e escândalos - o mais recente dele que o vincula a um suposto esquema de venda de joias e presentes da Presidência da República - Bolsonaro disse, no entanto, que não pode “ceder”.

Nesta sexta-feira (18), o ex-presidente deixou Brasília rumo a Goiânia, onde recebeu o título de cidadão honorário da capital de Goiás em uma cerimônia realizada na Assembleia Legislativa do estado.

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Em discurso voltado para apoiadores, lembrou do período de 89 dias em que esteve nos Estados Unidos - para onde viajou antes mesmo do término do seu mandato -, mas que “não existe terral igual à nossa”.

“Estive por três anos nos Estados Unidos, três meses, no estado da Flórida, mas apesar de ter me acolhido muito bem, não existe terra igual à nossa. Sei dos riscos que corro em solo brasileiro, mas não podemos ceder, porque a luta por democracia, a luta por liberdade, nossa querida imprensa, liberdade de expressão, nunca viram qualquer proposta para censurá-los”, afirmou.

A possibilidade de Bolsonaro deixar o país em meio a investigações como o caso das joias, a falsificação do cartão de vacinação e os ataques no dia 8 de janeiro, tem sido aventada por opositores.

Nesta sexta-feira (18), a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), defendeu a apreensão do passaporte do ex-presidente e disse acreditar que ele deixaria o país “para salvar a própria pele”.

“Podemos dizer que o cerco se fechou contra o ex-presidente da República. Ali está claro, está apontando como autor, como mandante da tentativa da fraude às urnas eletrônicas, como tentativa de fraude à decisão sempre legítima do povo brasileiro, de escolher o seu sucessor, ali estava a tentativa de violar, de atentar com a democracia brasileira”, afirmou a ministra.

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG), que integra a CPMI do 8 de Janeiro, também defendeu a apreensão do passaporte do ex-presidente.

Reforma tributária e eleições

Em seu discurso, Bolsonaro também chamou a reforma tributária de “esdrúxula”.

“Eu, particularmente, caso fosse deputado, jamais aceitaria negociar uma coisa tão esdrúxula quanto essa reforma tributária”, afirmou.

O texto foi aprovado em dois turnos na Câmara dos Deputados, no primeiro semestre do ano, contando com apoio de parte da bancada do PL, partido do próprio Bolsonaro.

O ex-presidente, que foi considerado inelegível até 2030 em um julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), também citou a necessidade de trabalhar nas eleições municipais para ter um “candidato bastante competitivo” nas eleições presidenciais de 2026.

“Nós temos que trabalhar bem por ocasião das eleições do ano que vem para que em 2026 ter sim candidato bastante competitivo, quem será esse candidato? Só o tempo dirá", afirmou.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.