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PT tenta aumentar pressão por saída de Campos Neto do Banco Central

Depois de abaixo-assinado, direção do partido aposta em mutirão virtual que vai pedir, também, a diminuição da taxa de juros

Roberto Campos Neto, presidente do BC

O Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tenta ampliar a pressão contra Roberto Campos Neto, que preside o Banco Central (BC). A legenda prepara, para a sexta-feira (28), um mutirão virtual a fim de pedir a saída de Campos Neto do comando da instituição. Há, ainda, pleito pela redução da taxa básica de juros, a Selic, fixada em 13,75%.

As redes sociais do PT já trazem pedido à militância para emplacar, na próxima sexta, as hashtags “juros baixos já” e “fora, Campos Neto”. Durante a semana que passou, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente do diretório nacional, já havia divulgado abaixo-assinado que reivindica a saída do chefe do BC.

A pressão de governistas sobre Campos Neto aumentou na quinta-feira (20), quando o braço brasileiro da BlackRock, multinacional de investimentos dos Estados Unidos da América (EUA), divulgou entrevista gravada pelo executivo em junho. No conteúdo, ele afirma que o BC estaria disposto a terceirizar a gestão de parte de seus ativos.

O movimento, segundo ele, poderia expandir a carteira do banco.

“A gente está aberto a essa terceirização, gestão externa, vamos dizer. Hoje, a grande parte da gestão não é terceirizada, mas a gente está aberto a fazer isso nessa área, principalmente, porque a gente está olhando agora para novas classes de ativo”, cogitou.

A fala deixou Gleisi descontente. Ela cobrou, do Senado Federal, a abertura de processo para apurar a conduta do executivo à frente do BC. O pedido de investigação foi feito formalmente ao presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por emissários de partidos da base de Lula.

“Campos Neto, responsável pelo Brasil ter o maior juro do planeta, agora quer terceirizar ativos do BC. É isso, tirar do Estado e deixar ao bel prazer do mercado. E o que acontece com as reservas de U$340 bilhões? Não explicou até agora o tal erro contábil de R$1 trilhão no banco e ainda quer entregar o que é do povo?”, criticou a presidente petista.

O pedido de Alckmin

Dados do boletim Focus apontam que o mercado acredita em redução gradual da taxa de juros a partir de agosto. Assim, seria possível chegar a 12% até o fim do ano. Na segunda-feira (17), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) engrossou o coro de colegas do governo federal e defendeu a queda da Selic.

“Acho que as coisas estão caminhando bem. Inflação em queda, câmbio competitivo, reforma tributária aprovada na Câmara, marco fiscal encaminhado… Só faltam os escandalosos juros caírem. Aí, vamos ter uma geração de emprego ainda mais forte”, vislumbrou.

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) já fez quatro reuniões neste ano. O grupo, responsável por definir o patamar básico de juros, se encontrou pela última vez em junho. À ocasião, a decisão foi manter a taxa em 13,75%, índice que não se altera desde agosto do ano passado.

O próximo encontro do Copom acontece entre os dias 1 e 2 de agosto. Ao fim do segundo dia de debates, a comissão vai divulgar se mantém ou modifica a taxa básica de juros.

Os ‘retrocessos’ temidos por Zema

Quem também tem participado do debate público a respeito da atuação do Banco Central é o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). No início da semana passada, durante evento do setor agrícola em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, ele defendeu a independência da instituição e pregou contra o que chamou de “retrocessos”.

“Banco Central independente (é) uma conquista importantíssima. Muito melhor os juros a 13,75% — ou é 13,25% — do que inflação de 130% igual ao vizinho aqui. E vão começar a cair os juros agora. A tendência é essa”, discursou.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.