A saída de Igor Eto da Secretaria de Estado de Governo de Minas Gerais (Segov) põe elementos de incerteza na relação entre a equipe de Romeu Zema (Novo) e a Assembleia Legislativa. Essa é a avaliação de interlocutores ouvidos pela Itatiaia nesta quarta-feira (28). Na base aliada a Zema no Legislativo, existem pedidos por agilidade na definição do substituto de Eto, responsável pela articulação política. Há quem receie que a troca no posto possa gerar prejuízos a projetos de lei (PLs) que tinham votações previstas para esta semana, como o texto que concede reajuste de 12,84% aos servidores da educação estadual.
A percepção de parte da base governista na Assembleia é corroborada por integrantes da coalizão de oposição a Zema. Paralelamente, outras fontes garantem que, a despeito da saída do então secretário, a pauta de análises da Assembleia vai ser seguida sem contratempos.
Um interlocutor ouvido sob reservas pela reportagem afirmou que, a depender do substituto de Eto, será preciso recomeçar as articulações necessárias para viabilizar a aprovação de projetos como o que autoriza Minas Gerais a aderir ao Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal (PAF).
Questionada pela oposição, a proposta chegou ao Parlamento em maio. Zema diz que se não sancionar o texto até o próximo dia 30, será obrigado a pagar R$ 15 bilhões à União.
Até essa terça-feira (27), antes da queda de Eto, governistas acreditavam ser possível votar o texto em dois turnos ainda nesta semana. A primeira votação pode acontecer já nesta quarta-feira, cerca de 24 horas após a mudança no núcleo de articulação política.
Sem reunião
Já aprovado em primeiro turno, o aumento de 12,84% aos professores seria analisado pela Comissão de Administração Pública (APU) nesta quarta pela manhã. A reunião, porém, acabou cancelada por falta de quórum.
Nos corredores do Parlamento, há quem acredite creia na manutenção da ideia de votar o texto em segundo turno nesta quinta-feira (29).
Paralelamente ao otimismo de alguns, o deputado estadual Professor Cleiton (PV), que faz oposição a Zema, admite que dúvidas pairam no ar.
“A incerteza do que pode acontecer é muito grande. O governo deveria correr para buscar diálogo, o mais rápido possível, com a Casa, para a gente entender o que o governo está pensando nesta semana decisiva para algumas categorias do funcionalismo e para o próprio governo”, diz.
Do lado da base governista, o mote é silêncio. Desde a saída de Eto, parlamentares têm evitado tratar publicamente do assunto e de seus desdobramentos. Parlamentares procurados pela Itatiaia, inclusive, optaram por não gravar entrevista.
Relatos de surpresa
Embora Igor Eto tenha acumulado desgastes ao longo do período à frente da Secretaria de Governo, a queda aconteceu em um momento que parte das fontes ouvidas pela Itatiaia consideram inoportuno.
Isso porque, além da semana ser marcada por intensa agenda de votações, o líder do governo, Gustavo Valadares (PMN), cumpre afastamento médico.
A exoneração de Eto surpreendeu até mesmo o presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB).
“Estamos com dias nublados por aqui. (Esta) todo mundo estupefato e assustado com essa decisão, no pior momento possível para o governo”, aponta Professor Cleiton.