Um deputado estadual do PT protocolou, nesta quarta-feira (28), junto à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), um requerimento para que a Casa tome providências para que deputados ou outras pessoas não entrem ou permaneçam armados dentro da sede do Legislativo estadual.
O deputado Leleco Pimentel (PT) acusa o seu colega, Caporezzo (PL) de estar armado no plenário da Casa na sessão da última terça-feira (27). O petista diz se sentir inseguro e que a atitude do parlamentar do PL fere o regimento interno da ALMG, que no seu artigo 90º diz expressamente que "é proibido o porte de arma em recinto da Assembleia Legislativa”.
Nas últimas semanas, deputados do bloco de oposição comentaram, nos bastidores, que havia deputados estaduais e visitantes armados dentro da ALMG.
Os comentários surgiram após uma briga envolvendo o deputado João Magalhães (MDB) e manifestantes da área da segurança pública. Na oportunidade, o parlamentar deixou a área reservada aos parlamentares e foi até a galeria tirar satisfação com um manifestante, que segundo ele, o teria ofendido. Neste momento, Magalhães e um policial legislativo foram agredidos, assim como o manifestante.
Acusação
Nesta terça-feira (27), pela primeira vez, um parlamentar falou em plenário sobre a situação de parlamentares estarem circulando armados na ALMG e fez uma acusação direta ao deputado da base do governo, Cristiano Caporezzo.
Em entrevista à Itatiaia, Leleco Pimentel afirmou que não se sente seguro de estar em um ambiente com uma pessoa armada.
“Ontem, ao notar algo suspeito que, para mim, se tratava de uma arma de fogo, eu procurei a Mesa [Diretora] para saber qual procedimento tomaria. Porque eu me recuso a estar dentro do Parlamento ou no plenário dessa ALMG com uma pessoa que defende CAC [sigla para Caçadores, Atiradores e Colecionadores] e arma, que se deve atirar em petista, em bandido, porque eles associam essas coisas e depois eles aparecem armados. Porque, de repente, ao invés de apenas divergir da minha opinião, podem ser mais hostis ou querer se impor por arma de fogo”, afirmou.
O deputado do PT destacou, ainda, que o Regimento Interno da Casa proíbe que parlamentares andem armados na Casa e explicou porque citou o nome de Caporezzo.
“Eu precisei destacá-lo porque havia algo concreto, um parlamentar armado e precisava dizer o nome. Ele pode recorrer, claro, eu disse que era de boa-fé quando disse que havia um parlamentar armado. Mas veja a situação: a polícia Legislativa não pode revistar o parlamentar, ele não precisa passar por detector de metais, ele entra pela garagem. Qualquer pessoa deve se sentir ameaçada por uma pessoa armada”, afirmou. .
Defesa
Ouvido pela Itatiaia, Caporezzo negou que estivesse armado e chamou o deputado de mentiroso. Segundo ele, suas armas de fogo - que são todas legalizadas - estão em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, sua base eleitoral. E negou que ele estivesse armado no plenário. Caporezzo também afirmou que vai acionar o Conselho de Ética contra Leleco Pimentel por falsa denunciação.
“Além de mentiroso ele é covarde, cara de pau e muito frouxo. Fiquei horas no plenário e a qualquer momento ele poderia ter falado isso, mas esperou eu sair para falar isso. Ele não é homem para falar na minha cara?”, disparou. “Ele mesmo falou no testemunho dele que atestava o que tinha visto e que não se sentia ameaçado por mim. Porque ele não foi homem de me confrontar cara a cara? Esperou eu sair, não tem vergonha na cara”, completou.
“A PM de Uberlândia tem um boletim de ocorrência que consta que todas as minhas armas estão na cidade, a mais de 500 km daqui. Como ele vai explicar isso? Agiu de má-fé no momento em que eu fazia um discurso em defesa dos CACs. Ou seja, é narrativa cínica e descarada. Eu saio do plenário e após minha saída ele faz a declaração. Eu estive diversas vezes ao lado dele e o cumprimentei”, afirmou.
Nesta quarta-feira (28), pela segunda vez na semana, os deputados Leleco Pimentel e Caporezzo voltaram trocar farpas no plenário sobre o assunto.