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Governo quer ajuda de empresários para denunciar casos de trabalho análogo à escravidão

Ministério do Trabalho planeja ação para que produtores rurais, empresários e comerciantes denunciem empresários que descumprem legislação

Assembleia de Minas discutiu medidas para reduzir ocorrências de trabalho análogo à escravidão em Minas Gerais

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) quer contar com a ajuda da iniciativa privada para denunciar empresas que submetem os trabalhadores a condições semelhantes à escravidão em Minas Gerais. Em 2022, o estado liderou um ranking elaborado pela pasta: foram 1.070 ocorrências registradas ao todo. Desde 2013, Minas Gerais aparece como alvo das maiores operações de resgate de pessoas submetidas ao trabalho análogo à escravidão.

A ideia do Ministério é convocar os empresários que cumprem as leis para denunciar casos de violação dos direitos humanos. As ações que vão entrar em vigor em Minas Gerais foram antecipadas em primeira mão à Itatiaia pelo Superintendente Regional do Trabalho e Emprego, Carlos Calazans.

“Eu tenho que conversar com a Fiemg [Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais], com a Faemg [Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais], chamar eles para essa campanha, conversar com os comerciantes do Estado dizendo que esse mau empresário está prejudicando a própria produção de Minas”, afirmou.

“E é claro que esses empresários corretos, que cumprem a legislação trabalhista, que assinam a carteira de um trabalhador, que paga corretamente e dá condições dignas de trabalho ele se junte a nós”, completou.

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Calazans afirmou ainda que pretende se reunir nos próximos dias para pedir apoio de entidades da indústria, agricultura e comércio de Minas Gerais.

O presidente do Sistema Faemg, Antônio Pitangui de Salvo, disse que o Ministério do Trabalho terá apoio do agronegócio mineiro.

“Esse é um assunto que o setor está completamente alinhado à promoção do trabalho decente e sustentável, especialmente no que se refere à saúde e segurança do trabalho. Para deixar bem claro: o sistema Faemg/Senar representa os bons produtores rurais. As pessoas que não tratam bem seus funcionários, seus colaboradores não são representadas por nós. Estamos completamente alinhados com esta nova visão”, afirmou.

O representante da Comissão Pastoral da Terra, Valdeci Campos de Souza, recorda que o estado registra o maior número de pessoas resgatadas nos últimos 10 anos.

“São 2.516 pessoas resgatadas em 2022 no Brasil e, em Minas Gerais, foram 1.062 pessoas, ou seja, 42% do total, quase metade. Nos últimos 10 anos, Minas tem, todo ano, ficado à frente do número de pessoas resgatadas em trabalho escravo. Nem sempre [os trabalhadores] são todos mineiros, mas os casos são encontrados aqui”, afirmou.

Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.