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Deputado do PL homenageia torturador e diz que ‘ditadura matou pouco’ em sessão na Assembleia

Deputado Caporezzo (PL) disse ter feito ‘contraponto’ em audiência da Comissão de Direitos Humanos e pode ter que responder na Comissão de Ética

Caporezzo

Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado estadual Caporezzo (PL) usou uma sessão da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para homenagear o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e disse que a ditadura militar, no Brasil, “matou pouco”.

As declarações causaram repúdio entre outros parlamentares e a plateia que acompanhava uma sessão da Comissão de Direitos Humanos, marcada a pedido de deputados de partidos de esquerda para debater os 59 anos do início do regime militar. Houve tumulto e Caporezzo foi vaiado no local.

Durante as discussões, o deputado pediu direito à fala para homenagear o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e afirmou que “a ditadura matou foi pouco”. As declarações foram confirmadas em uma entrevista concedida por ele logo depois. Brilhante Ustra, que chefiou o DOI-CODI do Exército, em São Paulo, durante o período de 1970 a 1974, foi condenado, em 2008, por sequestro e tortura.

Ustra também foi citado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro durante seu voto a favor do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.

“Não houve ditadura. Não existe ditadura em lugar nenhum do mundo sem a figura do ditador. Quem foi o ditador do regime militar brasileiro? Não tem. Eu não sou saudosista do regime, quero dizer isso claro aqui. Vocês nunca vão me ver aqui pedindo intervenção militar, até porque, se o regime tivesse sido competente, ele não teria entregado o poder justamente àquelas pessoas que eram terroristas, como a ex-integrante do grupo Colina, Dilma Rousseff, que participava de assaltos à mão armada e que jamais deveria ter chegado à presidência da República”, afirmou o deputado Caporezzo.

‘Ditadura matou pouco’

O parlamentar disse, ainda, que quis fazer um contraponto à audiência realizada no Legislativo, e disse que o comunismo matou 100 milhões de pessoas pelo mundo e que a ditadura militar no Brasil “matou pouco”.

“Vim à Comissão de Direitos Humanos para colocar um contraponto em relação à tudo isso. E, claro, fiz uma homenagem aqui para exaltar a figura do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que fez um grande trabalho à frente do DOI-CODI do Exército, entre 70 e 74", disse. “As pessoas vem aqui falar de, confirmadas, 191 mortes? Isso se matava aqui a cada dois dias na democracia de Dilma Rousseff. Então, vai falar que o regime matou? Matou, mas matou pouco”, completou.

Parlamentares ameaçam acionar o Conselho de Ética da Assembleia contra as declarações do deputado estadual. Na avaliação deles, o deputado ultrapassou os limites da liberdade de expressão ao homenagear um ditador e proferir palavras contra o sistema democrático brasileiro.

“A visão dele é da extrema-direita que não tem qualquer discernimento sobre questões políticas e da história desse país. Inclusive, acho que ele cometeu crime ao dizer que se ‘matou pouco’. Vamos verificar essa situação e, se necessário, vamos levá-lo à Comissão de Ética. Ele é um alucinado, deve viver fora do planeta e vem para as audiências para tumultuar”, afirmou o deputado Betão (PT).

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.
Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.